Justiça absolve 14 profissionais envolvidos no desabamento da Ciclovia Tim Maia

A decisão em 2ª instância inocentou os responsáveis pela fiscalização e execução do projeto.

*Ana Clara Prevedello e Priscila Xavier

O Tribunal de Justiça do Rio absolveu, nessa terça-feira (20), 14 profissionais envolvidos na fiscalização e na execução da ciclovia Tim Maia, que desabou em 2016 e deixou duas pessoas mortas. A tragédia aconteceu apenas três meses após a inauguração do trecho que ligava o Leblon a São Conrado, na Zona Sul do Rio.

Em 2020, a justiça chegou a condenar os funcionários acusados pela queda da ciclovia a 3 anos e 10 meses de prisão. Mas a pena foi revertida em serviços comunitários. Agora, em uma nova análise feita na 2ª instância, a Sexta Câmara Criminal reverteu a decisão.

“Não houve nenhum especialista que tenha declarado que aquele evento era previsível. O maior engenheiro costeiro, maior especialista em engenharia costeira do Brasil, um professor da UFRJ chamado Paulo Rosman, declarou que esse acidente da ciclovia inclusive alterou os paradigmas da análise de risco para projetos costeiros no Brasil. (...) Foi corretíssima a absolvição de todos os acusados feita pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro”, afirmou o advogado da construtora responsável pela obra, Felipe Maranhão.

Familiares das vítimas, porém, questionaram a absolvição. O engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque e o gari Ronaldo Severino da Silva morreram na queda da ciclovia.

“A morte do meu irmão na ciclovia não vai ficar impune assim. Como fica o meu psicológico? Como fica a família do engenheiro que morreu também”, lamentou Ernani Silva, primo de Ronaldo Severino.

A obra custou, ao todo, R$ 45 milhões aos cofres públicos. A ideia era oferecer para os cariocas e turistas uma ciclovia do Leme ao Pontal.

Desde a primeira queda, há sete anos, outras três partes da via já desabaram, o que resultou em uma ciclovia abandonada.

“Eu sempre ia para Copacabana, para o Arpoador. Agora não tem como. O percurso diminuiu”, lamenta o taxista Antônio Romildo, que perdeu o acesso às outras praias por conta do desabamento.

Sete anos depois da inauguração, destroços da obra foram encontrados por uma equipe que fazia limpeza na praia de São Conrado.

Em agosto do ano passado, um relatório técnico divulgado pela fundação Geo-Rio apontou graves falhas na concretagem da via. O material usado na estrutura ainda foi classificado como ruim, em um parecer emitido pela empresa ECR Engenharia.

Em junho deste ano, a Prefeitura do Rio lançou o processo de licitação dos serviços de manutenção e preservação da Ciclovia Tim Maia, com um valor estimado de quase R$ 8 milhões. O prazo das obras é de dois anos.

*Sob supervisão de Christiano Pinho.

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