O corpo do adolescente morto durante um confronto entre facções criminosas no Morro do Juramento, na Zona Norte do Rio, será sepultado amanhã (23), no Cemitério de Inhaúma.
Familiares de Kaio Souza afirmam que ele estava caçando passarinho na mata quando foi atingido por bandidos. O episódio ocorreu na tarde de quinta-feira (21) quando traficantes da Serrinha, ligados ao TCP, invadiram a favela, revidando um ataque realizado pelo Comando Vermelho no último fim de semana.
Ele completou 15 anos na semana passada. Segundo a família, o jovem não tinha qualquer envolvimento com o tráfico e sonhava em ser veterinário.
O corpo dele foi retirado da área de mata pelo próprio pai, com a ajuda de outros moradores. Na manhã desta sexta-feira (22), a família foi ao Instituto Médico Legal fazer a liberação do corpo. Leonardo Reis diz que quer justiça pela morte do filho.
“Eu nem queria subir lá pra ver o corpo do meu filho (…) uma criança que só tava pegando um passarinho e foi morta cruelmente”, lamentou.
O jovem estava com o irmão mais novo e carregava uma gaiola quando encontrou os bandidos em meio à mata. De acordo com a família, o irmão conseguiu fugir, mas Kaio foi atingido três vezes. Um dos disparos acertou a cabeça.
A tia dele, Isabel Sousa, desabafou sobre a rotina de violência.
“Onde que a gente vai parar com essa violência toda? É uma vida que se perde. É a minha mãe que tá lá deitada na cama com a pressão alta, a ponto de morrer por causa do meu sobrinho”.
Kaio é o vigésimo oitavo menor de idade morto baleado neste ano, segundo o Instituto Fogo Cruzado.
A Escola Municipal Bolívia, em Vicente de Carvalho, prestou solidariedade aos familiares por meio de uma rede social, destacando que a tristeza é muito grande e que todos querem guardar a imagem de Kaio como um aluno feliz.
Uma ex-professora dele postou um relato emocionado e disse que o aluno perdeu a vida em meio a uma guerra insana. Na publicação, ela questiona quantos mais vão morrer devido à violência.
A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso e afirma que vai ouvir parentes e testemunhas para tentar identificar o autor dos disparos. Como o caso ocorreu em uma área de mata e o corpo foi retirado pelos moradores, não foi realizada perícia no local.