Jovem faz vaquinha para participar de programa educacional do The New York Times

A menina de 17 anos passou por um processo seletivo com mais de 500 mil candidatos

Ana Clara Prevedello*

Jovem faz vaquinha para participar de programa educacional do The New York Times
A menina de 17 anos foi umas das 30 pessoas selecionada no processo.
Divulgação TV Band Rio

Kailane Paraíso, de 17 anos, foi selecionada para conhecer um dos principais jornais do mundo. O programa educacional do The New York Times, disputado por mais de 500 mil candidatos, escolheu apenas 30 pessoas para participar do curso.

Kailane é de Magé, na Baixada Fluminense. Ela conta que estudou em escola pública desde pequena, e que foi sua irmã mais velha, Aylla, que a ensinou inglês. Segundo a irmã, o interesse na língua inglesa começou cedo.

“Eu, sozinha, já estava aprendendo inglês com 10 anos. E eu sempre me interessei e sempre falei pra ela que o jeito mais fácil de aprender, além de estudar a gramática, é você imergir: é escutar música, assistir séries legendadas. Como meus pais sempre trabalharam muito, éramos só ela e eu dentro de casa. Então ela estava imersa nisso tudo. Eu ia tomar banho e ela ficava na porta, quando era pequenininha, me ouvindo cantar em inglês. Assim que ela foi aprendendo”, conta.

Mas para começar a experiência em uma redação internacional, a menina precisa de ajuda com os custos. Ela e a família organizaram uma vaquinha para arrecadar o dinheiro necessário, que pode ser enviado pelo PIX.

“A mensalidade da escola é de 10 mil dólares. Eles oferecem acomodação e alimentação, mas é muito caro, são mais de 900 dólares por semana, e são seis semanas de programa. A bolsa que eles oferecem é só para mensalidade, eu ganho uma de 4.700 dólares, então ainda tem todo o resto da mensalidade, mais a passagem, visto, passaporte... não tenho condições de arcar, é um valor muito alto. É por isso que criei uma vaquinha online”, ela conta.

Com a ajuda da vaquinha, a menina conseguiu se matricular na escola e já ganhou o dinheiro para pagar o resto da mensalidade. Agora, faltam os valores finais para, por exemplo, pagar o seguro de saúde. Ela embarca em setembro.

Ela fala sobre a importância de representar sua cidade, Magé. Para Kailane, o acesso à informação e a projetos educacionais é muito escasso em municípios pequenos como o seu.

“As pessoas têm uma ideia de que só gente rica consegue, só gênio. E não é verdade, tá aí pra todo mundo. Mas as pessoas não têm acesso a isso. A gente tem a oportunidade de criar vários projetos nesse programa, e uma das coisas que eu quero é dar maior visibilidade a isso, para pessoas que vem de um lugar pequeno como eu vim, de situações como a minha”, explica.

Kailane ainda não tem certeza se vai seguir a carreira de jornalismo. Segundo ela, vários temas diferentes serão abordados durante o programa.

“O programa oferece uma exploração de carreiras, a gente estuda várias áreas de interesse dentro do jornalismo. Comunicação é uma coisa que eu gosto muito, mas eu tenho interesses muito soltos, sabe? Eu gosto de arte, de matemática. E quero ter a oportunidade de explorar uma carreira que eu possa realmente seguir. Eu estou muito feliz, e espero poder me encontrar”, ela comemora.

*Sob supervisão de Christiano Pinho