Instituto Felipe Neto é lançado com foco em saúde mental e educação midiática escolas públicas

Evento de inauguração aconteceu nesta quarta-feira, dia 16 de outubro, na Escola Municipal Oscar Tenório, na Gávea, primeira a receber o Instituto Felipe Neto

João Pedro Obiler

Felipe Neto e colaboradores cortam a faixa simbólica de inauguração;
Reprodução/divulgação

O criador de conteúdo e influenciador digital Felipe Neto inaugurou nesta quarta-feira, dia 16, as atividades do Instituto Felipe Neto, uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que tem como objetivo principal atuar nas escolas públicas de todo o país. 

O evento de lançamento aconteceu na Escola Municipal Desembargador Oscar Tenório, que fica no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, e contou com a presença do vice-prefeito Eduardo Cavalieri, do secretário municipal de Educação do Rio, Renan Ferreirinha, e dos vereadores Flavio Valle e Marcio Ribeiro. A escola, que atende aproximadamente 700 crianças, jovens e adolescentes da Favela da Rocinha, foi a primeira a receber o trabalho do instituto, que ofereceum ambiente multidisciplinar de acolhimento chamado Espaço VIDA e um aplicativo batizado de HUG, com conteúdos sobre saúde mental, diário de emoções e orientações para buscar ajuda. 

“A minha própria experiência, compartilhada com meus seguidores, despertou uma onda de mensagens relatando questões de ansiedade, depressão e ideação suicida. Durante muito tempo recebi essas mensagens e nada pude fazer. Acredito que o Instituto Felipe Neto possa fazer esse papel, possa ajudar as pessoas que buscam algum tipo de apoio. Existe uma necessidade urgente de oferecer um suporte adequado. Durante o desenvolvimento do trabalho entendemos que precisaríamos atuar no nascedouro do problema e não no efeito. E assim será feito neste início. Estamos vivendo uma epidemia global relacionada ao tema saúde mental, uma área negligenciada, mas que é crucial para o bem-estar geral”, explica Felipe Neto
 “Nosso principal objetivo é fomentar o desenvolvimento de ambientes saudáveis para o público infantojuvenil, sejam físicos ou virtuais, espaços onde a Saúde Mental seja uma prioridade e onde a gente possa trabalhar com eles essas questões relacionadas ao letramento digital e às suas relações com as redes sociais”, finaliza.

Felipe Neto decidiu entrar de cabeça, corpo e alma em dois dos principais problemas das escolas públicas de todo o país: a saúde mental e a relação dos alunos com o celular e as redes sociais. O Instituto também vai oferecer, no mesmo espaço, letramento midiático, preparando os jovens para se tornarem cidadãos críticos e engajados na era digital. O conteúdo será aplicado pelo time do Instituto Vero, que há três anos atua nessa frente e agora passa a fazer parte do Instituto Felipe Neto.

“Entendemos que a escola é um espaço que evidencia e interliga as diversas relações da vida de crianças e adolescentes, onde elas passam a maior parte do tempo e onde enfrentam pressões significativas, que interferem em seu bem-estar biopsicossocial. Queremos integrar professores e familiares, de forma a construir uma rede de apoio que reflita em estratégias de fortalecimento das relações no cotidiano, enfatizando o desenvolvimento da subjetividade das crianças e adolescentes, e de sua capacidade de pensar e agir com autonomia”, explica Valrei Lima, responsável técnico do Instituto Felipe Neto, psicólogo, pedagogo, especialista em Gestão Educacional, Psicologia Jurídica, Educação de Jovens e Adultos e Terapia de Família.

Segundo pesquisa realizada pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), em parceria com o Itaú Social, a Saúde Mental aparece como a maior dificuldade para 75% das redes de ensino pública do Brasil. Fatores como bullying, pressões acadêmicas excessivas e a falta de suporte emocional adequado podem contribuir para o surgimento e agravamento de distúrbios psicológicos. A proibição ou não dos celulares nas escolas e a relação dos jovens com as redes sociais também são pontos em discussão entre educadores, legisladores e as famílias. Com a internet como uma fonte de informação e uma mediação feita por algoritmos, os jovens precisam aprender a identificar fontes que são confiáveis e entender como as mídias impactam a visão de mundo que eles têm.

“A cidade do Rio é pioneira sobre o uso de celulares nas escolas de uma maneira mais controlada, onde a gente consiga ter de fato o uso pedagógico. Não queremos que a criança fique usando as redes sociais em sala enquanto a professora está ensinando ou quando está tendo uma interação na hora do recreio. Escola é lugar de criança aprender, brincar, interagir um com os outros. A parceria com o Instituto Felipe Neto vai muito nesse sentido, nessa questão da educação midiática, para que os nossos alunos possam aprender a usar a tecnologia como aliada da educação, não como a vilã. Juntos vamos mostrar que a tecnologia pode ser uma parceira, desde que usada de forma consciente e responsável”, explicou o secretario municipal de Educação, Renan Ferreirinha.

O Instituto Felipe Neto conta com uma equipe de psicólogos especialistas em saúde mental, educação e políticas da infância e educação midiática, integrada a uma equipe multidisciplinar que inclui cientistas sociais, pedagogos, administradores e profissionais de tecnologia da informação e comunicação. Um time inteiro que vai trabalhar em conjunto com as professoras e responsáveis para fornecer um apoio completo. Uma parte da escola foi reformada pelo Instituto para receber o Espaço VIDA.

“A rede pública como um todo está aberta para essa construção em conjunto, está aberta para uma construção em conjunto com a sociedade civil. As escolas públicas são do município, temos muito orgulho delas, mas estamos abertos para parcerias e o bom trabalho da educação é importante para atrair esses parceiros. Só tenho a agradecer ao Felipe Neto e ao time do Instituto, que esse trabalho se multiplique por mais e mais escolas”, comemorou o vice-prefeito da cidade, Eduardo Cavalieri. 

A EM Desembargador Oscar Tenório vai funcionar como um programa piloto, onde a equipe técnica do Instituto pretende avaliar a eficácia da metodologia implementada e realizar os ajustes conforme necessário. Em um segundo momento a ideia é expandir a atuação para mais escolas das redes públicas de ensino em todo o Brasil.

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