Internado em estado grave no Hospital Municipal Miguel Couto, na Zona Sul, o aposentado Carlos Alberto Fossati, de 73 anos, precisa passar por uma cirurgia de urgência. O problema é que ele já está aguardando o procedimento há mais de um mês, e agora, a direção da unidade diz que não está apta a realizar a operação.
Carlos Alberto passou por outros três hospitais antes de ser hospitalizado no Miguel Couto. O idoso corre risco de morte por conta de um tumor na perna. A cirurgia, que estava marcada para o último dia 26, foi cancelada após o resultado de um exame confirmar a presença de células cancerígenas no corpo do paciente.
Segundo a direção do Hospital Miguel Couto, o procedimento só pode ser feito em unidades especializadas em oncologia das redes federal e estadual, ou nos hospitais universitários. Mas o filho do paciente afirma que não há vagas para transferir seu pai, que precisa ser operado com urgência.
"O cirurgião-geral falou que não tinha como operar, que eles atendiam apenas casos emergenciais. Eu falei para ele: 'o caso do meu pai não é emergencial? Ele está perdendo sangue. Se deixar do jeito que está, ele vai morrer’", conta Carlos Alberto Fossati Simões Filho.
Antes da internação no Miguel Couto, que aconteceu no dia 15 de junho, o paciente recebeu atendimento nos Hospitais Federal de Bonsucesso e Municipal Salgado Filho, na Zona Norte, e no Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, em Duque de Caxias. Mas nenhuma das unidades conseguiu realizar a cirurgia.
O quadro do idoso piorou logo após o procedimento ser desmarcado, deixando o pai irreconhecível, segundo a família. Carlos Filho lembra que o pai sempre foi muito ativo, e que gostava de fazer academia antes de ser diagnosticado.
"A piora drástica, mesmo, aconteceu nos últimos quatro dias. Ele ficou reconhecível. Você olha e não entende o que aconteceu, os exames dele estão completamente desbalanceados, descompensados. E mesmo assim, estamos fazendo o melhor que podemos. Ele entrou andando, e hoje ele não consegue nem levantar o braço. Está desconexo, não conhece mais ninguém".
Em nota, a direção do Hospital Miguel Couto afirmou que “não realiza a cirurgia indicada para o caso do Sr. Carlos Alberto”, e que “o paciente já está inserido no Sistema Estadual de Regulação com pedido de transferência para uma unidade especializada”.
“É impossível saber se a transferência pode acontecer amanhã ou daqui a 30 dias”, afirma o filho,"(...) se fosse governador, secretário, presidente, senador... o leito estava disponível na hora. Mas como é o meu pai, a situação está assim”.
Ainda segundo a direção do hospital, “a regulação de oncologia é feita pela Secretaria de Estado de Saúde” e, “no momento, há 34 pacientes oncológicos em leitos de hospitais municipais aguardando uma vaga para unidade especializada para o tratamento indicado”.
A Band tenta contato com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio.
*Sob supervisão de Christiano Pinho