A secretária Awdrey Ribeiro, de 21 anos, disse ter sofrido racismo em uma loja da Renner em Madureira, na Zona Norte do Rio, no último sábado (12). Ela prestou depoimento na 29ª DP (Madureira), na Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira.
O caso foi registrado na delegacia como calúnia, mas a vítima acredita que foi um “erro”.
“Eu achei que foi um erro do policial. Claramente não foi isso, foi um caso de racismo”, disse Awdrey.
Em nota, a Polícia Civil disse que “o caso foi registrado na 29ª DP (Madureira), inicialmente, como calúnia. Nada impede, porém, que a tipificação do crime mude no decorrer da investigação conforme os elementos sejam analisados. Os agentes ouvem testemunhas e realizam outras diligências para esclarecer as circunstâncias do fato”.
Imagens que circulam na internet mostram o momento da confusão dentro da loja Renner no Madureira Shopping. No vídeo, a vítima afirma que a funcionária pediu para que ela devolvesse a bolsa, sugerindo que a mulher tinha furtado uma peça da loja.
“Eu e minha mãe pegamos uma peça e fomos experimentar. Nisso que a gente entrou a segurança me empurrou dentro de umas cabines e falou para eu devolver o que eu peguei e eu perguntei para ela o que eu tinha pegado e ela não me respondia. Aí ela falou que eu peguei uma mochila, só que essa mochila já era minha, não é da loja, é de outra marca, e eu já tinha entrado com ela. A funcionária só foi notar que tinha feito besteira quando muita gente ficou ali no meio”, comentou a vítima.
A Renner divulgou uma nota classificando o episódio como “inaceitável” e dizendo que a funcionária foi demitida.
“A abordagem realizada foi totalmente inadequada e não está alinhada aos valores da Lojas Renner, por isso a colaboradora responsável já não faz mais parte do quadro de colaboradores da companhia. Nos sensibilizamos, lamentamos profundamente o ocorrido e daremos apoio à cliente, nos colocando à sua disposição. A empresa não tolera racismo ou qualquer tipo de preconceito e discriminação”, relatou a empresa, em nota.
Awdrey ainda disse que, se não fosse pela cor dela, ela não seria acusada de roubo.
“Eu nunca passei por isso e nunca pensei em passar. Na hora eu me senti muito constrangida e muito humilhada. Ela não tem noção do que ela poderia ter causado na minha vida por uma coisa que eu não fiz, imagina se a pessoa não tivesse filmado, o que aconteceria comigo? Eu estaria presa. Isso só aconteceu por conta da minha cor de pele. Tinham outras pessoas, de pele clara, com bolsas maiores, e ela não abordou essas pessoas, só a mim”, finalizou ela.
*estagiário sob supervisão de Natashi Franco.