Filha que roubou coleção de arte de idosa passa por audiência de custódia

Polícia enfrenta desafio para recuperar obras vendidas pela criminosa

Pedro Cardoni*

Sabine Boghici passa por audiência de custódia Reprodução
Sabine Boghici passa por audiência de custódia
Reprodução

A audiência de custódia da mulher acusada de manter a mãe em cárcere privado por mais de um ano e roubar uma coleção de obras de arte, acontece nesta sexta-feira (12). Sabine Boghici roubou cerca de R$ 720 milhões da mãe e desviou 16 obras de arte de artistas renomados, como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.

A vítima do golpe foi uma idosa de 82 anos, que é viúva de Jean Boghici, um colecionador de arte conhecido de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A mulher foi enganada por uma cartomante que dizia que a filha iria morrer se não fizesse um tratamento espiritual. Além de ter que pagar o tratamento, a idosa passou a ser agredida e mantida presa em casa. A filha da vítima é apontada como a articuladora do crime.

A polícia conseguiu recuperar boa parte do patrimônio desviado e, entre as 16 obras de arte roubadas, 11 já estão com os investigadores. Duas das peças que ainda não foram recuperadas foram levadas para a Argentina para o acervo de um dos maiores colecionadores de arte do mundo, Eduardo Constantini, fundador do Museu de Arte Latino Americano (MALBA).

De acordo com Constantini, os quadros "Elevador social" (1966) de Rubens Gerchman e "Maquete para o menú espelho" (1964), de Antonio Díaz, foram comprados através de Ricardo Camargo, dono de uma galeria de arte de São Paulo, que comprou as obras de Sabine. Os compradores afirmaram que, por conhecerem a família, não desconfiaram que as obras estavam sendo desviadas.  

Além disso, Constantini também revelou que não pretende devolver os quadros comprados. A Polícia Civil investiga se houve ilegalidade na compra das obras, visto que não existe um documento que comprove a procedência de uma obra de arte, apenas uma certificação de autenticidade.

"Existe um certificado de autenticidade e, às vezes, o currículo da obra. Mas, nunca um documento que valide a propriedade. Não tem certidão negativa de obra de arte", explicou Jones Bergamin, diretor presidente da casa de leilões Bolsa de Arte.

Os demais quadros recuperados estão sendo mantidos pelas autoridades em um lugar seguro. Apenas um deles, "O Sol Poente" (1929), da Tarsila do Amaral, uma das obras mais importantes da arte brasileira, é avaliada em R$ 150 milhões, mas pode chegar a um valor mais alto em leilãoi, e é cobiçada por todos os museus do mundo.

*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco