Executores de Marielle Franco vão a julgamento nesta quarta-feira (30)

A previsão indica que o julgamento deve se estender até às 3 horas da madrugada de quinta-feira (31)

Clara Kury, Ricardo Câmara

Julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz
Imagem/foto

Os ex policiais militares, e executores de Marielle Franco e Anderson Gomes, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, foram a júri popular no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (30) e podem pegar até 84 anos de prisão. A expectativa é que a sessão leve dois dias.

É esperado que ao menos nove testemunhas compareçam para depor, dentre elas, Fernanda Chaves, assessora de Marielle que sobreviveu ao ataque.

O processo apura somente a execução do crime. O planejamento é investigado em uma outra ação no Supremo Tribunal Federal. Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão são acusados de serem os mandantes do assassinato e o ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, responde por obstrução das investigações.

Durante a manhã de hoje, algumas horas antes do julgamento, a família de Marielle Franco realizou uma missa no Cristo Redentor Redentor em homenagem à Marielle e Anderson. Durante a ocasião, os familiares também pediram por justiça.

A irmã de Marielle, Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, ressaltou que esse julgamento é apenas um passo das investigações.

A falta que minha filha faz é imensurável, é uma familia de mulheres. Falar o quanto minha filha faz falta não tem como definir. O amor que sinto não tem como definir. Passei por muita coisa, passei por um câncer. O mais doloroso é conviver com a falta de uma filha que poderia estar aqui. Que priorizava pelo bem-estar da família inteira. A cada dia que penso na minha filha, é como se passassem uma faca no meu coração. Cada vez mais dói.

Disse Marinete Silva, mãe de Marielle. 

(EM ATUALIZAÇÃO)

RELEMBRE O CRIME

No dia 14 de março de 2018, Marielle Franco e o motorista Anderson Pedro Gomes foram assassinados com 13 tiros. A vereadora foi morta dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por volta das 21h30. Marielle e Anderson morreram na hora, enquanto a assessora de Marielle, Fernanda Chaves, foi atingida por estilhaços. Fernanda foi a única sobrevivente.

Momentos antes do crime, Marielle havia participado de um evento chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas", na Rua dos Inválidos, na Lapa.

A investigação da Polícia Civil e do Ministério Público apontou como assassino Ronnie Lessa, um ex-PM com passagem pelo Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro. Ronnie Lessa é considerado um excelente atirador, além de ter ligação com um grupo de assassinos de aluguel formado por milicianos chamado “Escritório do Crime”.  

Outro acusado é o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, que dirigiu o carro usado no atentado. Em 2023, Élcio confessou sua participação no crime e, em depoimento, confirmou Ronnie Lessa como autor dos disparos. No fim de dezembro do mesmo ano, Ronnie assumiu ter matado Marielle e Anderson.

Ainda em 2023, o caso teve mais um preso. Maxwell Simões Corrêa foi apontado como o responsável por vigiar Marielle e se livrar do carro usado para cometer o crime.

Já no início de março deste ano, ocorreu a prisão de Edilson Barbosa dos Santos apontado como o responsável por desmanchar o carro usado no crime.

Investigadores ainda trabalham para entender a motivação do crime, mas o que já se sabe é que está relacionada a expansão territorial da milícia no Rio.

A família Brazão seria o braço político da milícia na Câmara dos Vereadores, atuando politicamente pela legalização de imóveis construídos irregularmente pela milícia em terrenos adquiridos de forma ilegal. Marielle se posicionava contra a legalização desses terrenos e entendia que eles deveriam ser destinados a população de baixa renda. Essa divergência em relação ao uso desses terrenos poderia ser uma das motivações para o crime.

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