O deputado federal Marcelo Freixo (PSB) concedeu entrevista à TV Band, para o programa Band Eleições, na última terça (14), e falou sobre as propostas de governo para o Rio de Janeiro. O político foi sabatinado pelos jornalistas Fernando David e Mariana Procópio. No tema segurança pública, quando questionado sobre as operações policiais nas favelas do Rio, o pré-candidato afirmou que “matança não é segurança”. Confira os principais pontos da entrevista.
SEGURANÇA PÚBLICA
No tema fundamental para os fluminenses, Marcelo Freixo citou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias que ele criou em 2008 e falou sobre o caso do irmão, Renato Freixo, que foi assassinado, aos 34 anos, com cinco tiros. Em 2020, a Polícia Civil do Rio apontou o ex-PM e então pré-candidato a vereador, Fábio Soares Montibelo, como executor do crime.
“Eu fiz a CPI das Milícias em 2008 e eu sei o que é uma família sofrer com a violência. Eu tive um irmão brutalmente assassinado pela ação das milícias, pela ação da violência. Uma pessoa honesta, que trabalhou a vida inteira, morto com 34 anos. O que a gente precisa fazer é olhar para esse Rio de Janeiro e reformular a polícia, modernizar a polícia, ter a Polícia Militar integrada com a Polícia Civil. Que o policial seja valorizado a partir de uma política de segurança pública”, disse o deputado.
Questionado sobre as operações policias nas favelas do Rio de janeiro, o político relatou que as ações precisam garantir a segurança dos moradores.
“A gente precisa de protocolo e planejamento. Matança não é segurança. Entrar numa comunidade onde aqueles moradores já são vítimas do tráfico ou da milícia. O estado não pode entrar, matar, sair e não resolver nada. As operações podem acontecer com protocolo, garantindo a segurança dos moradores”.
ECONOMIA
Desemprego e Fome. Problemas gravíssimos para milhões de moradores do Rio que não ficaram de fora da entrevista. Mesmo ciente da grande dívida do estado, Freixo argumentou que esses problemas podem ser amenizados sem abrir mão da responsabilidade fiscal.
“Tem que ter responsabilidade fiscal no Rio de Janeiro. Mas a responsabilidade fiscal não é inimiga da responsabilidade social. 33 milhões de brasileiros com fome. A gente não pode olhar para a fome e achar que não é uma responsabilidade de cada um que está no mundo político. A gente tem que olhar para os mais pobres e colocar no orçamento. Isso significa irresponsabilidade fiscal? Não”.
Segundo o político, o Rio é uma porta do Brasil para o Mundo e que o maior problema do estado está na dívida.
“O Rio de Janeiro, hoje, é muito dependente da economia do petróleo e do gás. 80% do petróleo do Brasil está no Rio. A gente precisa olhar para a economia e dizer: a economia tem que voltar a crescer. O Rio tem uma crise de receitas, de qualidade de gastos e uma crise de credibilidade. Todo mundo quer investir no Rio de Janeiro, o Rio é uma potência, é a porta do Brasil para o Mundo. O grande problema do Rio está na dívida, que é mais de duas vezes o valor da nossa receita”.
ALIANÇAS POLÍTICAS
Considerado por muitos como a cara do PSOL, Freixo saiu do partido e migrou para o PSB para buscar mais alianças e convergências com políticos de diferentes espectros. Apesar das críticas, principalmente por ter se alinhado com políticos de centro e até mesmo de direita, o político alega que está agindo para “salvar a democracia”.
No âmbito federal, Freixo disse “não ter a menor dúvida que Lula vai ganhar” e ainda que o ex-presidente “é a única via para o Brasil e vai fazer o Rio de Janeiro ficar de pé”.
No cenário estadual, Freixo confirmou o convite de vice-governador para o ex-prefeito Cesar Maia. De acordo com o deputado, Cesar “é uma pessoa respeitada pela população”.
“O Cesar foi um dos melhores prefeitos da história do Rio. É uma grande aliança ampla, aliança da democracia. A gente pode ter oito partidos nessa aliança. Eu fiz o convite e tenho a certeza absoluta que a gente vai caminhar junto. É uma honra muito grande estar ao lado do Cesar. A gente precisa garantir desenvolvimento, emprego e renda. A gente precisa de muita gente para isso. Eu não estou disputando uma eleição por disputar. Estou disputando para ganhar a eleição”.
TRANSPORTE
O pré-candidato ao governo do Rio também apresentou propostas para lidar com transporte do estado. Em condição precária e alvo de inúmeras reclamações de usuários todos os dias, a SuperVia, segundo o Freixo, vai ser o foco do seu governo. Ele ainda falou que Lula terá papel importante no transporte.
“A gente tem que resolver a malha ferroviária. A SuperVia foi programada e teve um investimento para transportar 600 mil pessoas por dia. Hoje a gente carrega menos de 300 mil pessoas. Quem pega no trabalho às 8 horas da manhã, está saindo de casa às 6 horas da manhã. Primeira coisa que o governador tem que fazer é ter autoridade. Tem que pegar o contrato, chamar a concessionária e falar: vai querer ficar? Vai ter que ter investimento público na SuperVia, investimento federal. Eu quero que o Lula meta a mão na SuperVia e nos ajude a fazer a SuperVia funcionar”.
Sobre o metrô da Gávea, na Zona Sul do Rio, que está inacabada até hoje, Freixo admitiu que “não tem como fazer a estação nesse momento”.
“A estação da Gávea, por exemplo. Não tem como fazer aquela estação nesse momento, porque a prioridade é a SuperVia. Só para ter uma ideia, a cada 8 reais que foi investido no metrô da Barra, 1 real foi investido na SuperVia. Não é possível que o metrô da barra tenha oito vezes mais investimento que a SuperVia. A gente tem que gastar mais com quem mais precisa”.
BATE-BOLA
Em um esquema rápido de perguntas e respostas, Freixo falou sobre seus gostos pessoas. Confira:
Livro: República das Milícias, do Bruno Pasmâncio;
Filme: Blade Runner;
Um lugar no Rio: São Pedro da Serra;
Um prato: Polvo;
Uma referência: O pai;
Uma praia: Itacoatiara, em Niterói.
*Sob supervisão de Natashi Franco