Rodrigo Cardoso Ferreira, conhecido como Digo, foi preso hoje (9) por policiais militares na Linha Vermelha, sentido Centro, em Duque de Caxias. Ele é apontado como braço direito do miliciano Danilo Dias Lima, o Tandera, que ainda está foragido.
Os dois homens participaram de uma reunião da milícia com políticos da Baixada Fluminense, em 2020, onde Tandera detalhou planos para vencer licitações e ter acesso ao dinheiro público e de secretarias, casos seus parceiros nas eleições municipais ganhassem.
"Não vou entrar na licitação do caminhão de lixo, na da van do SAMU. Mas tem aquela licitação, aquele copinho que tá lá. (Quero) aquele que não vai chamar atenção. Quero coisa pequena, que não vai trazer problema. A empresa que fornece copo, que faz camisa pra prefeitura", disse o miliciano.
O encontro foi registrado por câmeras de segurança, e deu início a uma grande operação do MPRJ. Na semana passada, 13 suspeitos foram alvos de mandados de busca e prisão preventiva. Seis foram presos.
A TV Band Rio teve acesso à denúncia. Na reunião, Tandera contava com armamento de guerra e segurança, e buscava decidir o futuro da Baixada Fluminense. No mesmo encontro, outro miliciano, identificado apenas como Aleixo, compara a atuação das forças criminosas no estado.
"Você tem o ruim e você tem o pior. Ruim: milícia. Pior: tráfico. Não existe comunidade que não haja tráfico, e agora milícia. Ainda mais aqui! A locomotiva da sacanagem é o Rio! Quem puxa é o Rio! Tudo acontece aqui primeiro, depois os outros copiam”, explica.
A milícia de Tandera domina diversas cidades da Baixada Fluminense. Na reunião, ele falou sobre o lucro com o crime. Apenas em duas favelas de Nova Iguaçu, Tandera afirmou na reunião que lucrava quase R$ 6,5 milhões com extorsão.
“Eu entrei no Danon, e a folha dava R$ 1,4 milhão por semana, uma favela. O Grão-Pará (outra favela de Nova Iguaçu), mal administrado, dava R$ 200 mil", diz Tandera.
A HISTÓRIA DE TANDERA
Danilo Dias Lima, o Tandera, é um dos milicianos mais procurados do Rio de Janeiro. Ele foi o 02 da milícia de Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, que morreu em junho de 2021. Após a morte do ex-chefe, Tandera rompeu com seus antigos aliados.
O irmão de Ecko, Antônio da Silva Braga, o Zinho, assumiu o posto do irmão, e hoje atua na Zona Oeste do Rio, enquanto Tandera expandiu os negócios para a Baixada Fluminense.
*Sob supervisão de Danillo Carneiro