O Ministério Público do Rio denunciou dois policiais civis pela morte de duas pessoas durante uma operação em maio de 2021 no Jacarezinho, comunidade da Zona Norte do Rio. A ação que completa hoje (6) 1 ano, é a mais letal da história do Rio de Janeiro. Ao todo, 28 pessoas morreram na operação.
Amaury Godoy Maffra e Alexandre de Moura de Souza foram denunciados à Justiça pelo homicídio doloso (quando há intenção de matar) de Richard Gabriel da Silva Ferreira e Isaac Pinheiro de Oliveira. Os agentes também são acusados de forjar o cenário do crime e de fraude processual.
De acordo com a denúncia do MPRJ, o crime aconteceu quando os policiais entraram na residência onde Richard e Isaac estavam abrigados depois de já terem sido baleados durante o tiroteio.
Segundo o documento, Amaury e Alexandre encurralaram as vítimas em um cômodo vazio e efetuaram diversos disparos.
1 ANO DA CHACINA
Exatos 365 dias depois da chacina que deixou 28 mortos na comunidade do Jacarezinho, 10 das 13 investigações do Ministério Público foram arquivadas e 1 segue em andamento. Apenas duas denúncias foram aceitas pela Justiça.
Os traficantes Adriano de Souza de Freitas, vulgo Chico Bento, e Felipe Ferreira Manoel, o Fred, foram denunciados por homicídio duplamente qualificado do policial civil André Leonardo de Mello Frias. Eles eram considerados chefes do tráfico na comunidade e seguem foragidos até hoje.
“Nós temos dados que houve um aumento das invasões a domicílio, dentre outras situações traumáticas à população local. A realidade que um morador do Jacarezinho tem é estar diante de uma chacina, porque ocorreu ali não foi uma operação. É preciso ser dito que ocorreu ali foi uma chacina”, afirmou Djeff Amadeus, coordenador do Instituto de Defesa da População Negra.
Em janeiro desse ano, o governo do Rio escolheu o Jacarezinho para receber o Cidade Integrada, o novo projeto de ocupação de comunidades que tem como principal objetivo a retomada de territórios em comunidades dominadas pelo tráfico e pela milícia.
“Toda vez que eu vejo alguém incitando a violência policial me preocupa. Se tirarmos a polícia dessa equação, a criminalidade vai ficar mais dócil, não vai ficar menos violenta. Quando a polícia atua, ela atua num cenário sempre conturbado. O criminoso utiliza estrutura de bem que tem na comunidade para se proteger”, falou Paulo Storani, capitão veterano da Polícia Militar.
Porém, o projeto Cidade Integrada também recebe críticas dos moradores.
“O Programa Cidade Integrada não chegou com os programas sociais que foram prometidos. A gente tem visto vários relatos de abuso, de invasão de casas dos moradores, por isso, boa parte dos moradores são completamente contrárias a esse programa”, comentou Thiago Nascimento, morador do Jacarezinho e fundador do WebJaca, laboratório de dados e narrativas da comunidade.
*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco