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Dia Internacional da Mulher: A dor por trás da data

Dossiê Mulher aponta um caso de feminicídio a cada três dias no Rio de Janeiro

Júlia Zanon*

Dia Internacional da Mulher: A dor por trás da data
Reprodução/ Kat Smith

O dia 8 de março é conhecido como o Dia Internacional das Mulheres. A data marca uma luta histórica por respeito e igualdade e pelo fim da violência motivada pelo gênero. Se neste dia às mulheres é oferecido muitas vezes um buquê de flores, a violência mostra que ainda há muito o que avançar socialmente.

O Dossiê Mulher foi divulgado hoje (8) e apontou um número recorde de feminicídio registrado no ano de 2022 no Rio de Janeiro. Foram cerca de 110 casos de homicídio praticado contra a mulher por razões da condição do gênero feminino – isso significa que uma mulher foi morta a cada três dias no estado. Esse é o maior índice registrado desde que o levantamento começou a ser feito, em 2016.

Já foram registrados 9 casos de feminicídio apenas no primeiro mês de 2023. O levantamento do mês de fevereiro não foi finalizado, e pode já ultrapassar o número do mês anterior.

Em 2021, o mesmo estudo mostrou 85 casos de feminicídio no Rio. No mesmo ano, foram registrados 604 casos de perseguição e stalking – perseguições que acontecem na internet. Esse tipo de crime foi tipificado recentemente no código penal e tem saído do online para, com muita frequência, virar um caso agressão às mulheres.

Foram mais 660 registros de violência psicológica mais de 36 mil outros registros, dentre eles humilhação, ameaças e divulgação de cenas pessoais de mulheres. Sendo que esses outros tipos de crime, são os que mais são subnotificados. Parte disso representa o medo que a maioria das vítimas ainda tem de denunciar casos de violência e abuso.

Quando se fala em casos de violência registrados não se fala da quantidade real. Muitas mulheres ainda têm medo de denunciar por diversas razões. Falta de renda própria, o abusador é integrante da família ou do ambiente de trabalho ou ele faz ameaças. Mas, o avanço do papel das mulheres na sociedade pode ser um dos motivos do aumento do número de casos registrados.

“Enfrentar a violência contra mulher é garantir renda para todas elas”, afirmou a secretária de Políticas e de Promoção da Mulher, Joyce Trindade. “Estamos com mais de 8 mil oportunidades de cursos e vagas de emprego e estágio para mulheres. Tanto no Campo de Santana, quanto no Calçadão de Campo Grande. A gente está aqui para garantir que todas as mulheres tenham rede, capacitação e dignidade”, anunciou ela.

Serão mais de 50 áreas para cursos, trabalho e estágio. Para garantir uma vaga, basta ir a um dos pontos de encontro até às 15h e levar apenas a carteira de identidade. A ação irá subsidiar o dinheiro da passagem, acompanhamento psicossocial e, dependendo da renda, as mulheres poderão receber também R$ 200 de incentivo.

VIOLÊNCIA NO BRASIL

O país também atingiu recorde de feminicídio em 2022. Um levantamento divulgado hoje (8) do Monitor da Violência registrou 1.400 mortes motivadas por gênero no ano passado. Uma mulher foi morta a cada seis horas no Brasil.

Se, no Rio, os números já eram alarmantes – um caso registrado a cada três dias – no país, os números são ainda maiores. Uma mulher é assassinada a cada seis horas no Brasil em 2022 apenas por ser mulher. Um aumento de 5% do ano anterior, de 2021.

*Sob supervisão de Natashi Franco