A delegada Adriana Belém foi presa na tarde desta terça-feira (10), em seu apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Alvo da Operação Calígula, ela guardava R$ 1,8 milhão em casa. Agentes do Ministério Público encontraram R$ 1,2 milhão em sacolas de grife e R$ 500 mil em uma mala.
Adriana é investigada por favorecer uma quadrilha especializada em jogos de azar, fazendo vista grossa em ações policiais além de liberação de material ilegal em troca de propina. Segundo investigações do Ministério Público, o delegado Marcos Cipriano, também investigado e preso no caso, organizou um encontro entre o inspetor Jorge Luiz Camillo Alves e Adriana, que até então era titular da delegacia da Barra da Tijuca. Nesse encontro foi estipulado um acordo que permitia a retirada de quase 80 máquinas caça-níqueis apreendidas em casas de apostas dos criminosos em troca de propina.
Além disso, Adriana também teria envolvimento com Rogério Andrade, investigado pelo Ministério Público por ser mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, e o réu pela morte de Marielle, o policial Ronie Lessa. O último chegou a enviar um áudio para o inspetor “braço direito” da Adriana para negociar a retirada de material.
“Bom dia, irmão. Os caminhões estão aí. Você precisava da presença de alguém? Ou é melhor só eles aí? Os caras estão aí já. Depois, quando “tu” puder, me dá um retorno aí. Qualquer coisa a gente está aqui perto”, disse Ronie Lessa, por mensagem de áudio. Os caminhões que o criminoso se refere são para pegar de volta as máquinas caça-níqueis que foram apreendidas.
Adriana foi nomeada em agosto de 2021 para um cargo na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro. Ela ganha menos de R$ 10 mil pela função. Segundo a Prefeitura, Adriana foi exonerada hoje (10), mas a decisão só será publicada amanhã (11).
Adriana entregou o cargo de titular da 16ª DP (Barra da Tijuca) em janeiro de 2020, depois da prisão de dois agentes que trabalhavam com ela serem presos na Operação Intocáveis II. A delegada chegou a ser candidata a vereadora no mesmo ano e recebeu cerca de 3,5 mil votos.
A campanha contou a presença de famosos como Djalminha, Amoroso, Dudu Nobre, Xande de Pilares, Mc G15, David Brazil e Adriano Imperador.
MP INVESTIGA ROGÉRIO ANDRADE COMO MANDANTE DO ASSASSINATO DE MARIELLE
O bicheiro Rogério Andrade, também alvo da Operação Calígula, é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como possível mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, executada no dia 14 de março de 2018. Rogério está foragido da Justiça.
Em coletiva na tarde de hoje, o MP falou sobre a parceria entre Rogério e Ronie Lessa.
“Essa investigação de hoje evidencia que no momento contemporâneo à morte de Marielle, os dois eram muito próximos”, disse o promotor Marcelo Winter.
De acordo com as investigações, Rogério e Roni se aproximaram em 2018, ano da morte de Marielle, e abriram uma casa de apostas no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, com previsão de inauguração de outras casas na Zona Oeste.
Depois dessa aproximação, Ronie Lessa foi vítima de uma tentativa de latrocínio.
“ Ele (Ronie) fica fora do rol de negócios que participaria. E enquanto ele se recupera, pessoas trazidas por Ronnie Lessa prosseguiram com o projeto do bingo do quebra-mar, que foi inaugurado. Porém, foi fechado no mesmo dia e começam as tratativas para reabertura desse bingo, para a expansão das atividades", comentou o promotor Fabio Cossemerli.
*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco