Até o próximo domingo (22), o Morro do Palácio, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, recebe a segunda edição da Residência Artística Cuíca. O principal objetivo é incentivar e valorizar a técnica de arte urbana do lambe-lambe. Ao todo, seis artistas das Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste devem criar trabalhos baseados na vivência com a comunidade local.
"Essa vivência e contato com os moradores faz com que os artistas tenham um campo vasto para suas criações artísticas. Conhecer histórias que compõem e enriquecem o bairro e exercitar a troca é construir um pouco de quem você é neste espaço e levar consigo uma cartografia afetiva desse lugar", disse Alberto Pereira, idealizador da Lambes Brasil e produtor da Cuíca.
Produzida pela Lambes Brasil, que é uma plataforma de fomento e valorização do lambe-lambe no contexto da Arte Pública Brasileira, a residência oferece aos artistas acompanhamento crítico e técnico. O projeto acontece no alto do Morro do Palácio, nas salas do Centro Cultural Maquinho. Aliás, se um dos cartões postais de Niterói é o Museu de Arte Contemporânea (MAC), projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, pode-se dizer que seu "quase irmão", o Maquinho, é o único prédio do mesmo arquiteto que está dentro de uma favela.
Com uma das vistas mais bonitas e privilegiadas da Baía de Guanabara, frequentadores do Maquinho, principalmente crianças em atividades de férias e artistas convidados pela Cuíca, devem interagir para a criação de obras em lambe-lambe, que além de ocuparem muros do Palácio, devem descer e ocupar parte do vão do MAC com uma colagem em grande escala.
"A ideia é também fazer com que o morador periférico saiba que ele não precisa só ocupar o prédio construído dentro do morro", explica Milla Serejo, da Lambes Brasil. "As moradoras e os moradores podem e devem ocupar o equipamento cultural principal da cidade de Niterói. O MAC é de todos", completa.
ARTISTAS
A curadoria priorizou critérios raciais e de gênero na escolha dos artistas. Seis integram a equipe do projeto: Gê Viana, do Maranhão; Beatriz Paiva, do Pará; Álex Igbo, da Bahia, Pietra Canle, do Rio de Janeiro; Rodrigo Zaim, de São Paulo e Diogo Rustoff, de Goiás.
"Essa diversidade representa o que a gente quer pro futuro", falou Tacio Russo, integrante da Lambes Brasil e produtor do projeto. "A arte deve ser mais democrática, e para isso, mais plural e descentralizada".
*Sob supervisão de Christiano Pinho