Começa a contar novo prazo da atuação da Força Nacional no Rio de Janeiro

Permanência do efetivo foi prorrogada por 30 dias pelo Ministério da Justiça após pedido de Cláudio Castro

Vânia Vero*

Começa a contar novo prazo da atuação da Força Nacional no Rio de Janeiro
Força Nacional
Reprodução/TV Band

Começa a valer nesta segunda-feira (1º), o novo período do patrulhamento da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) no estado do Rio de Janeiro. A prorrogação da permanência dos 300 agentes que já atuavam no RJ foi autorizada, na última quinta-feira (28), pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, após pedido do governador Cláudio Castro.

A operação começou em outubro do ano passado e já havia sido estendida até janeiro de 2024. Só nos três primeiros meses, custou mais de R$ 8 milhões para os cofres públicos. Em razão do atual cenário da crise de segurança pública no estado, foi prorrogada pela segunda vez, por 30 dias, até o final de abril.

Os agentes da Força Nacional devem atuar em "apoio aos órgãos de segurança pública Federal e Estadual, nas atividades e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, em caráter episódico e planejado", conforme consta no texto da portaria do ministro Lewandowski.

O efetivo será reforçado com a chegada dos policiais que estavam trabalhando nas buscas pelos fugitivos da Penitenciária de Mossoró. O objetivo é ajudar no patrulhamento das rodovias federais. Segundo o Ministério da Justiça, o programa conta com a montagem diária de pelo menos seis postos, pontos de bloqueio e fiscalização, sendo cinco na Rodovia Washington Luiz (BR-040) e um na Rodovia Presidente Dutra (BR-116), que liga o Rio a São Paulo.

Ainda assim, o medo e a insegurança preocupam os moradores e quem passa pela região. É difícil encontrar os agentes trabalhando.

A equipe da TV Band percorreu, nesta segunda-feira (1º), as rodovias Washington Luiz, saindo da capital até a altura da Reduc, e parte da Presidente Dutra a partir do Trevo das Margaridas, em Irajá, mas não encontrou nenhuma viatura nas ruas. Na semana passada também fizemos os trajetos e localizamos apenas duas viaturas patrulhando a BR-040.

A Força Nacional de Segurança Pública surgiu em 2004, como um Programa de Cooperação Federativa, para auxiliar as forças de segurança estaduais e federais, a fim de garantir a ordem pública. No caso do Rio de Janeiro, o apoio da Força Nacional é demandado pela Polícia Rodoviária Federal, para aperfeiçoar o combate aos delitos, e a gestão e planejamento das ações, distribuição do efetivo e viaturas ficam de responsabilidade do órgão federal.

O especialista em segurança pública e ex-capitão do BOPE Paulo Storani explica que o trabalho da FNSP é potencializar as missões das polícias estaduais e federais em situações específicas e por um período determinado, especialmente quando houver quebra da normalidade - como é o caso do Rio de Janeiro.

"A Força Nacional é muito bem-vinda porque faz com que a polícia não tenha que sobrecarregar seu efetivo em situações extraordinárias. A mobilização da Força deve obedecer o planejamento da própria instituição. No caso do Rio de Janeiro, a polícia já encontra-se defasada para atender a demanda do estado", afirma Storani.

Mesmo com o reforço, a expectativa sobre a mobilização da Força Nacional no Rio de Janeiro deve ser moderada, pois são agentes de outros estados, que não tem experiência de atuação no Rio de Janeiro, avalia o especialista.

"Ela (Força Nacional), deve ser empregada de forma complementar às ações das polícias locais. Embora policiais militares, mas, necessariamente, de outros estados que não conhecem a realidade do Rio de Janeiro, não estão habituados a atuar em áreas conflagradas, dominadas por narcotraficantes ou milicianos, com o nível de periculosidade que nós encontramos no Rio de Janeiro. Se não, seria uma exposição desnecessária e perigosa para esses agentes", alerta o ex-Capitão do Bope.

Um integrante da Força Nacional foi morto, em novembro do ano passado. O policial militar de Alagoas Edmar Felipe Alves dos Santos foi baleado em Vila Valqueire, Zona Oeste do Rio, quando ouviu gritos e foi checar a confusão. No mesmo dia, dois agentes foram assaltados por criminosos no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio.

Para o especialista em segurança pública e teoria política André Rodrigues, a presença da Força Nacional não parece ser imprescindível para a gestão da Segurança Pública no Rio.

"O que considero imprescindível é a cooperação e o investimento do governo federal em ações de investigação e de inteligência, que busquem desarticular as redes criminosas, que inclusive se imiscuem nas estruturas do estado", complementa.

Em nota, o Ministério da Justiça informou um balanço acumulado de apreensões dos cinco meses da atuação da FNSP no Rio de Janeiro. Segundo os dados, entre outubro de 2023 e fevereiro deste ano, os agentes recuperaram mais de 550 veículos e cerca de R$ 1,7 milhão em cargas recuperadas. Foram apreendidos cerca de 6800 cartuchos de munição, 55 armas curtas e 27 fuzis. Além disso, 8,3 mil quilos de maconha, quase 300 quilos de cocaína, 67 mil comprimidos de ecstasy e cerca de R$ 444 mil reais de origens ilícitas foram apreendidos.

*Sob supervisão de Christiano Pinho.