Cidade Nova tem índice mais baixo de saúde e de acesso a serviços básicos do Rio

O bairro concentra grandes construções, como a sede da Prefeitura do Rio de Janeiro, mas é o pior em relação às necessidades humanas.

Ana Clara Prevedello*

Cidade Nova tem índice mais baixo de saúde e de acesso a serviços básicos do Rio
Bairro Cidade Nova é o pior em relação a necessidades humanas, bem-estar e oportunidades.
Divulgação TV Band Rio

Prédios grandiosos e modernos fazem parte do bairro Cidade Nova, local que concentra fachadas e construções imponentes, como o Teleporto e a Sede da Prefeitura do Rio de Janeiro. Mas o território é o último no que diz respeito ao bem-estar da população.

O resultado do IPS 2022, divulgado pelo Instituto Pereira Passos, apontou o bairro como o pior do Rio de Janeiro no que diz respeito às necessidades humanas, bem-estar e oportunidades. 158 bairros foram analisados na pesquisa.

Maria de Lourdes da Silva, moradora da região há mais de 30 anos, conta as dificuldades que a família enfrenta.

“Quando chove aqui alaga tudo, a gente tem que montar batente na porta de casa, porque entra para dentro a água. E toda porta de casa aqui no bairro tem batente, é só ver. (...) Eu queria que a gente tivesse um lugarzinho bom para morar, para a gente viver”, lamenta.

Ao mesmo tempo que expande grandes construções e investimentos, o bairro exclui a população mais pobre. É o que alerta Fabyane Soares, coordenadora do Desenvolvimento Territorial do Circo Crescer e Viver, projeto social que beneficia famílias carentes.

“É um território que tem um uso institucional de grandes empresas de toda a América Latina, grandes empresas de energia, do sistema elétrico, e que acaba prejudicando seus moradores, que ficam achatados aqui, em zonas de alagamento e de calor, sem acesso às oportunidades e às necessidades humanas básicas, como ter banheiro dentro das suas casas”, explica.

O local foi território dos primeiros cortiços do Rio no século XIV, e mantém essa realidade. Uma casa costuma abrigar várias famílias ao mesmo tempo.

“É uma zona que há duzentos anos já tinha os cortiços, eles nasceram aqui. E a gente tem um processo que se pode chamar de “recortização”: você olha os casarões e, em geral, não é uma família que vive. São vários quartos e várias famílias, vivendo em apenas um cômodo, sem ventilação, sem janela e com banheiro compartilhado”, diz Fabyane.  

O estudo do Instituto Pereira Passos não inclui dados econômicos, como a renda da população. A pesquisa combina indicadores de saúde, acesso a serviços básicos, educação e direitos humanos.

Nos piores índices também estão os bairros de Jacarepaguá e da Cidade Universitária. Um Rio de Janeiro desigual, que mostra Barra da Tijuca, Laranjeiras e Lagoa com os maiores índices de desenvolvimento.

*Sob supervisão de Danillo Carneiro