Cidade do Rio suspende vacinação contra a Covid para crianças

A baixa adesão na imunização das crianças contra a poliomielite também preocupa autoridades e especialistas

Felipe de Moura*

As doses contra a Covid para crianças de 3 e 4 anos acabaram.
José Cruz/Agência Brasil

Nesta quarta-feira (26), o município do Rio de Janeiro suspendeu a vacinação contra a Covid-19 para crianças de 3 e 4 anos, já que as doses da CoronaVac para a aplicação da primeira dose nessa faixa etária acabaram. Com isso, cerca de 80 mil meninos e meninas não serão vacinados.

Atualmente, apenas 16% de crianças de 3 e 4 anos foram imunizadas. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o órgão notificou o Ministério da Saúde há mais de três meses sobre a possibilidade de falta de doses, mas não recebeu retorno. A secretaria afirmou que as doses da Pfizer infantil para crianças de 6 meses a 4 anos estão em processo de compra pelo Governo Federal.

“A ausência de resposta e a falta de planejamento pode causar um risco da reintrodução da Covid 19 na cidade do Rio de Janeiro. Também tem muitas crianças com comorbidades que têm um risco aumentado de internar e adoecer gravemente por Covid. É um cenário preocupante. A gente precisa manter uma alta cobertura vacinal para a gente manter a cidade livre da Covid-19”, disse Daniel Soranz, secretário de Saúde.

Nesta quarta (26), há 20 pessoas internadas com Covid-19 na Rede Sus da capital e duas pessoas esperam vaga por um leito.

“Há quem pense: e daí? As pessoas não estão mais morrendo de Covid. Erro fatal. Estão morrendo menos pessoas, justamente pelo elevado número dos que têm vacinação completa. À medida que aumentar o número de desprotegidos, sejam eles crianças ou adultos, as chances de doença grave e óbitos também aumenta. Crianças podem ficar gravemente enfermas e ir a óbito. Além disso, mesmo as assintomáticas ou com sintomas leves podem transmitir para pessoas mais vulneráveis à evoluções desfavoráveis, como são os idosos e os imunodeprimidos”, disse Tânia Vergara, infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Em nota, O Ministério da Saúde informou que “está em tratativas com o laboratório para aquisição de mais doses da vacina para o público de 3 a 4 anos. A aquisição de novas doses leva em conta o ritmo de vacinação deste público e o avanço do número de doses aplicadas”.

BAIXA ADESÃO DA VACINAÇÃO CONTRA POLIOMIELITE TAMBÉM PREOCUPA

A paralisia infantil, erradicada há décadas no Rio de Janeiro e no Brasil, está com uma baixa adesão de vacinação em crianças. Há 30 anos, o Rio não tem uma cobertura de imunização tão baixa para a poliomielite.

Neste momento, apenas 55% das crianças estão vacinadas, sendo assim, mais de 140 mil ainda não foram aos postos para tomar a vacina.

“Uma criança acometida pela paralisia infantil, se sobreviver, poderá passar a vida toda numa cadeira de rodas. A doença é prevenível por vacina, mas não há um tratamento específico quando a pessoa adoece. Tudo o que se pode fazer são medidas de suporte ventilatório, analgésicos e fisioterapia. Ações como a busca ativa, representam um cuidado com aqueles mais vulneráveis, filhos de pais que vivem em condições de grande dificuldade e trazer a criança ou mesmo o adulto não vacinado para receber a vacina pode representar a diferença entre a vida e a morte.  Não manter a vacinação elevada da população significou a volta de uma doença que tem capacidade de matar ou deixar graves sequelas para a vida toda. Imagino como ficarão os responsáveis por crianças não vacinadas ao vê-las numa cadeira de rodas por não ter sido vacinada para a polio”, comentou Tânia Vergara.

Há exatamente uma semana, a secretaria de Saúde começou uma busca ativa por essas crianças que não se imunizaram. Mas, mesmo assim, os números não mudaram.

“A situação da Polio é uma situação muito preocupante. A gente insiste, pede, para que os pais procurem uma unidade de saúde, levem o seu filho e levem a caderneta de vacina para atualizar”, complementou o secretário de Saúde do Rio.

*Sob supervisão de Natashi Franco

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