Caso Gabriel Monteiro: Conselho tenta notificar vereador, mas não o encontra

Depois da notificação, o vereador vai ter 10 dias para apresentar a defesa. O Conselho vai tentar notificar o político novamente ainda hoje

Felipe de Moura*

O Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio decidiu notificar Gabriel Monteiro Divulgação
O Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio decidiu notificar Gabriel Monteiro
Divulgação

O Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio decidiu notificar o vereador Gabriel Monteiro (PL) sobre o processo de cassação por quebra de decoro nesta terça-feira (19). Entretanto, Gabriel não estava no seu gabinete. Ao tentar fazer contato por telefone, a ligação teria caído.

O relator do caso é o vereador Chico Alencar (PSOL). O início da análise sobre a perda de mandato foi registrado no Diário Oficial também nesta terça. O ex-PM é investigado por crimes de assédio moral e sexual contra menores de idade e ex-funcionários.

Nesta segunda (18), a comissão da Câmara de Vereadores decidiu incluir duas novas denúncias ao processo que pede a cassação do mandato, por quebra de decoro parlamentar, do vereador do Rio de Janeiro, Gabriel Monteiro (PL).

Dois vídeos foram anexados ao processo por meio de uma denúncia do Ministério Público. Em um deles, o ex-PM aparece acariciando e beijando o pescoço uma menina de 10 anos. No outro, ele foi denunciado por filmar a relação sexual com uma adolescente de 15 anos.

Gabriel Monteiro tem até 90 dias para o processo ter um final. O vereador pode ser advertido, suspenso e também ter o mandato cassado.

NOVA DENÚNCIA

Vinícius Hayden Witeze, ex-assessor parlamentar do Gabriel Monteiro, denunciou, nesta terça-feira (19), o vereador de vazar dados pessoais dele. O telefone de Vinicius já tinha sido apreendido pela Polícia Civil no dia 7 de abril durante uma operação da Polícia Civil, mas só chegou à 42ª DP (Recreio), uma das unidades que investiga as acusações contra Gabriel, ontem (18). A informação foi dada primeiramente pelo jornal “O Dia” e confirmada pela TV Band.

“Ele era assessor dele, responsável por investigar personalidades que eram do interesse, lá. Ele falou que o Gabriel estava vazando os dados pessoais dele: número do telefone celular, identidade, e, por conta disso ele está sofrendo diversas ameaças. Então, eu instaurei mais uma investigação relacionada a esses fatos também”, disse o delegado titular do caso Luis Maurício Armond, à TV Band.

O ex-funcionário do vereador disse que Gabriel usava suas horas de trabalho para planejar gravações de situações forjadas. O político negou em depoimento todas as acusações em andamento sobre suas condutas.

RELEMBRE O CASO:

A polícia começou a investigar, em março, um vazamento de um vídeo íntimo no qual o vereador aparece fazendo sexo com uma menina de 15 anos. O parlamentou alegou aos policiais que a garota teria dito que era maior de idade. Os dois dizem que a relação e a gravação foram consensuais.

Segundo o parlamentar, o vídeo foi vazado no Twitter e no WhatsApp por dois ex-assessores, que também foram alvo de operação no dia 7 de março, quando a Polícia Civil cumpriu 11 mandados de busca e apreensão contra sete alvos para apurar o vazamento do vídeo.

O vereador também enfrenta um processo na Comissão de Ética da Câmara de Vereadores do Rio envolvendo denúncias de assédio sexual e moral por servidores e ex-funcionários. As vítimas disseram que foram agredidas, constrangidas e tiveram suas partes íntimas tocadas pelo Gabriel sem consentimento. Ele negou todas as acusações.

A Câmera também recebeu denúncias sobre vídeos forjados no canal do YouTube de Gabriel Monteiro. As acusações disseram que ele encenava boa parte do que era filmado, usando crianças e pessoas em vulnerabilidade para tentar ganhar mais seguidores.

Imagens brutas de um dos vídeos revelaram que Gabriel pediu para a criança falar que “estava feliz depois de almoçar sua refeição preferida” por conta da ajuda dele, quando “achou que passaria mais um dia de fome”.

Depois das primeiras denúncias contra Gabriel Monteiro, o vereador ainda ganhou seguidor em todas as plataformas.

A Polícia Civil ainda investiga se o vereador cometeu fraude processual no episódio em que afirmou ter sido atacado a tiros em Quintino, na Zona Norte, em agosto de 2021. De acordo com ex-membros da equipe, o ataque também teria sido forjado.

*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco