O casal preso nesta sexta-feira (24) por sequestrar uma idosa, que foi internada à força em uma clínica psiquiátrica, pode estar envolvido em outro crime. A Delegacia do Leblon investiga Patrícia de Paiva Reis e Raphael Machado Costa Neves pela morte do cunhado de Patrícia.
Rodrigo Machado, irmão de Raphael e cunhado de Patrícia, morreu de forma suspeita em setembro de 2022. O casal está sendo investigado por contratar uma equipe para imobilizar Rodrigo em frente à casa onde ele morava, sete meses antes dele morrer.
“Eles já tentaram fazer uma internação involuntária contra o irmão do Raphael, o Rodrigo. Eles contrataram uma ambulância particular para internar o Rodrigo, através de um laudo falso, em uma clínica psiquiátrica”, afirma o delegado Felipe Santoro.
O casal já está preso, preventivamente, pelo sequestro de Maria Aparecida Paiva, mãe de Patrícia. No início de fevereiro, ela foi imobilizada por dois homens enquanto saía de uma agência bancária do Itaú, na rua do Catete, na Zona Sul do Rio. A vítima achou que se tratava de uma “saidinha de banco” ou de um sequestro relâmpago, mas assim que os homens a colocaram dentro de uma ambulância, afirmaram que era “coisa de família”.
Ao chegar em uma clínica psiquiátrica, localizada em Petrópolis, a idosa foi direcionada para um quarto, sem qualquer tipo de comunicação e janela, apenas com um vaso sanitário, uma pia e uma cama. Durante três dias, ela afirma que permaneceu no local com intenso calor e recebendo apenas duas refeições por dia.
De acordo com as investigações, a vítima não tinha nenhuma necessidade terapêutica ou doença. Foi mantida na clínica particular pelo casal para se retratar à força, por conta de uma denúncia que havia feito, afirmando que a filha praticava maus-tratos contra os dois filhos, de 2 e 9 anos, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV). Além disso, a investigação também aponta interesse financeiro na internação da vítima, por parte do casal.
Nesta sexta-feira (24), a Delegacia do Catete descobriu o paradeiro da idosa. Segundo o delegado Felipe Santoro, foi a própria vítima que conseguiu procurar a polícia. Os policiais foram ao local e a resgataram. As duas clínicas psiquiátricas envolvidas no caso foram interditadas por prática de crime de sequestro qualificado.
“A idosa permaneceu internada sem qualquer critério por 17 dias. Inicialmente na Clínica Vista Alegre, e posteriormente na Clínica Revitalis, onde nós conseguimos resgatar a idosa, ali, internada, sem qualquer critério para internação voluntária”, continua o delegado Felipe Santoro.
Maria Aparecida já tinha pedido à Justiça uma medida protetiva contra a filha antes do sequestro. No documento, ela alega que Patrícia teria ligado para a SAMU, afirmando que a mãe estava tendo um surto psicótico e que precisava ser internada. Maria Aparecida reforçou que sofreu violência doméstica por parte da filha.
Mas no dia 31 de janeiro, a Justiça decidiu não conceder o pedido, alegando que o caso não configurava violência doméstica ou familiar contra a mulher. Um boletim de ocorrência por invasão de domicílio também foi registrado pela idosa.
Depoimentos de outras testemunhas serão ouvidos pela Polícia Civil. Nesta terça-feira (28), médicos e pessoas ligadas às clínicas onde a idosa estava internada devem ir à delegacia.
*Sob supervisão de Natashi Franco