Carnaval 2023: Unidos de Padre Miguel vai falar sobre cultura árabe no Nordeste

Escola vai fazer um paralelo entre o deserto e o sertão

Amanda Martins e Felipe de Moura*

O Baião de Mouros da Vila Vintém vai transformar a Marquês de Sapucaí numa Arábia nordestina. O enredo da Unidos de Padre Miguel para 2023 vai provar que há muito da cultura muçulmana no nordeste brasileiro.

"Muitas pessoas não entendem e não sabem. Não sabem a diversidade cultural do nosso país, por exemplo, o couro, o fole, as histórias contadas que vem de origem muito pertinente com nosso nordestino…as cores tudo é de origem turca e árabe e tem tudo a ver com o nordeste…os camelos que se adaptaram tanto no nordeste do pais como não se adaptaram em lugar nenhum do mundo. Todas essas questões vão estar materializadas no carnaval de 2023”, falou o carnavalesco Edson Pereira.

Para contar essa história na avenida, a escola vai fazer um paralelo entre o deserto e o sertão trazendo elementos que mostram a influência árabe no Nordeste. As fantasias têm muitas referências dos dois mundos. O enredo vai transitar na Península Ibérica conquistada pelos árabes do norte da África e o domínio mouro. É nesse cruzamento de histórias que o boi vermelho, símbolo da escola, vai contar a sua.

"A gente fecha com um casamento árabe que é a maior festa deles e a gente tem essa coisa símbolo antigo que eram as mãos dadas que o samba diz e celebramos o boi vermelho que é a nossa analogia com o boi mouro. Trazer o boi deixa o componente muito feliz na avenida então a gente chama esse boi para guerrear com alegria, cultura e festejos e, assim, a gente faz mais um carnaval torcendo que a escola saia vitoriosa", comentou o carnavalesco Wagner Gonçalves

Todos os setores vão trazer referências dessa Arábia Nordestina. Inclusive a bateria.

"Eu trabalho sempre em cima do enredo do samba, da melodia. Eu vou com o forró, com o baião por causa do enredo. Aí vou buscar lá no Marrocos um instrumento que é de lá que é do país. Já temos bossa em cima disso. Então vou trabalhar em cima do enredo", disse Mestre Dinho, mestre de bateria da escola.

A vermelho e branco de Padre Miguel nasceu do bloco da rua criado em 1954. Três anos depois, foi registrada como Unidos de Padre Miguel. As cores são em homenagem à Fábrica Bangu, que doava tecidos para confeccionar as fantasias.

Seu Pestana aprendeu a amar a escola desde esse tempo. No dia do desfile, vai completar 85 anos e não abre mão de comemorar desfilando na avenida.

"18 de fevereiro vou estar desfilando e vou pedir para parar de cantar o samba enredo para cantar parabéns p mim…meu aniversario" + "aqui é meu chão, meu vermelho e branco não tem jeito + porque aqui eu aprendi a ser sambista, é a minha escola. Foi aqui como compositor de samba enredo, ritmista. Essa é a minha escola querida", disse Seu Pestana.

*Sob supervisão de Christiano Pinho