A União da Ilha promete um encontro de águias na Sapucaí. A escola vai contar a própria história e homenagear o centenário da madrinha Portela. Uma história que começa na quarta-feira de cinzas de 1953 quando um grupo de amigos do Cacuia decide criar uma escola de samba para representar a Ilha do Governador.
As cores, azul, vermelho e branco, foram herdadas do União Futebol Clube, time dos fundadores. Setenta anos depois, a agremiação vai contar a própria história na avenida. História que a Sandra viu acontecer de perto desde que nasceu.
"Quando o Cahê anunciou eu passei mal, eu fiquei muito emocionada. Eu falo e já fico emocionada porque quando ele começou a ler o texto sobre o enredo eu me senti no quintal da minha casa com meus pais. É a história deles de quando eles foram lá na quadra da Portela batizar a nossa bandeira. Aquilo foi me emocionando ao ponto do meu marido ter que me acalmar. Então isso para gente está sendo muito importante”, disse Sandra Rolszt, filha dos fundadores e chefe de ala.
E contar a história da Ilha é falar também da madrinha Portela.
"A Ilha está muito vermelha, azul e branca. A abertura está muito Ilha. A escola vai ficar muito feliz. O insulano vai se emocionar. O enredo traz essa atmosfera da amizade que o carnaval prevalece. Quando uma escola entende a importância de uma outra agremiação que abençoou sua caminhada. E a Portela, quando batizou a Ilha, já era uma super escola campeã", comentou o carnavalesco Cahê Rodrigues.
O momento mais esperado do desfile é o encontro entre as águias, símbolo da União da Ilha e da Portela. Na fábula, as duas voarão juntas para selar o compromisso de resgatar a magia e a alegria do carnaval.
"O enredo tem um momento lúdico do Rei Momo que é o rei do carnaval do palco maior. Ele fica muito feliz que vai acontecer esse encontro e manda enfeitar os salões do seu palácio para receber essas duas águias. Convoca todos os espíritos brasileiros para participarem da grande festa e aí a União da Ilha se apresenta primeiro. Ela conta sua história para depois homenagear sua madrinha centenária. Então esse encontro das águias está presente em todos os setores, da comissão de frente até o último carro as pessoas vão ver esses laços que sempre foram muito presentes na história da Ilha e da Portela", falou Cahê Rodrigues.
Para o samba-enredo, os compositores resolveram relembrar o estilo dos sambas inesquecíveis da Portela.
"Esse samba começa mais falando da madrinha. A gente faz uma referência aos grandes sambas. Os sambas de hoje não ficam como antigamente ficavam na boca do povo. A gente quis no início falar com a madrinha fazendo uma pergunta ‘madrinha onde anda a poesia e a lira dos antigos carnavais. Me leva ao luar da Guanabara, jardim que emoldura os casais’. Quer dizer a gente pedindo conselho a madrinha justamente aonde anda a poesia", disse o compositor Almir da Ilha.
*Sob supervisão de Christiano Pinho