A São Clemente vai encerrar o primeiro dia de desfiles da Série Ouro levando para a Avenida um novo olhar sobre o descobrimento do Velho Mundo. A escola promete apresentar sátiras para o público se divertir e também refletir.

"Ele volta a dar aquela alegria, aquela, irreverência e a São Clemente vai perturbar nesse desfile. A São Clemente está irônica, colorida, com sátira, e vai fazer um sucesso na avenida", comentou Roberto Gomes, vice-presidente e diretor de Carnaval.

O enredo vai trazer um novo olhar sobre o "descobrimento” do Velho Mundo. E se fosse o contrário? Se os brasileiros que tivessem descoberto a Europa?

"O desfile acontece magicamente no arco de um dia. No nascer do sol até o nascimento da lua. Nesse tempo a gente sai de Botafogo, depois a gente faz a travessia pelo mar e chega até a Europa que é a terra, onde os nossos conterrâneos vão nos receber e a gente encerra nosso desfile fazendo uma festa em homenagem a essa união dos povos celebrando esse encontro de culturas lá no Velho Mundo", afirmou o carnavalesco Jorge Silveira.

Para transformar essa história em realidade, os compositores embarcaram também no jeito de fazer samba do Rio de Janeiro.

"Na própria melodia também a gente tenta trazer algo bem carioca. Tem o funk no refrão que a gente faz uma brincadeira com o funk da moda de ladinho e aí misturando com samba e a gente tenta fazer um samba que esquente a avenida. Vai ser a última escola a desfilar, então assim, um samba que levanta bem leve e ao mesmo tempo que acenda o público e o componente", comentou o compositor André Carvalho.

Nessa “viagem”, os cariocas vão levar para Europa tudo aquilo que representa o Rio. O funk, o samba, o biscoito de polvilho e até o “olha o mate”, patrimônio imaterial do Rio, representado em uma das alas pelos vendedores ambulantes.

"A gente viu que ele queria uma pegada leve, irreverente com um pouco de acidez e é uma história abstrata né, porque ele cria essa história do Índio saindo daqui e indo para a Europa e levando os costumes daqui para lá. E nesse meio tempo ele leva a cultura, as gírias, a dança, o mate, o biscoito, o isopor, o calor, a alma do carioca do rio de janeiro", disse Fabiano Paiva, compositor da escola.

TRADIÇÃO DA SÃO CLEMENTE

A história da agremiação começou com outra paixão nacional: o futebol. Em 1951, jogadores de um clube esperavam o ônibus na Rua São Clemente, em Botafogo, quando começaram a fazer um som improvisado na calçada.

"Há muitos anos um grupo de amigos que jogavam futebol saíram para uma excursão próximo do carnaval e enquanto aguardavam os ônibus começaram a batucar uma parada que ficou tão gostosa que, ao voltar da excursão, fizeram um bloco de rua. A partir daí o bloco começou a se apresentar pelo bairro até que um dia escreveram o bloco como escola. Aí começou uma nova história", falou o vice-presidente e diretor de carnaval Roberto Gomes

A escola voltou à Série Ouro no último carnaval depois de 12 anos no grupo especial. Lugar que a São Clemente pretende recuperar com muita irreverência na Sapucaí.

"Ela vem muito decidida a recuperar o seu lugar de volta no grupo especial. A gente vai fazer isso com muita garra e cor, com fantasias pensadas para que o nosso componente possa dar o melhor resultado. Alegorias bem acabadas para que a gente alcance o nosso sonho de retornar a cidade do samba", complementou Jorge Silveira.