Carnaval 2023: Império da Tijuca vai levar as cores de axé para a Sapucaí

A escola vai homenagear um pintor argentino

Amanda Martins e Felipe Fera*

Nascido em 1940, no Morro da Formiga, o Império da Tijuca foi formado a partir da fusão entre duas escolas de samba. A coroa, símbolo da nobreza, é a marca registrada da agremiação.

Com a mesma idade da escola, Seu Tiãozinho desfilou pela primeira vez em 1957. Lembrança que ele guarda até hoje.

“Eu saí numa ala chamada malandrinho que tudo era pessoal do Morro que saía. Inclusive, as fantasias eram feitas pelas costureiras de lá. Para ficar 60 e tantos anos tem que ter amor, porque aqui o meu amor é mais pela convivência. Os amigos, as pessoas que sempre me amaram muito e ainda me amam. Alguns, outros já foram embora, mas eu tenho muito carinho pelo pessoal onde morei. Estou há 45 anos aqui no morro e eu onde chego sou bem recebido”, disse Tiãozinho, membro da velha guarda.

Em 2023, o Império da Tijuca vai homenagear o pintor argentino com alma baiana, Carybé. Apaixonado por Salvador, ele expressou sua arte na cultura local como ninguém, trazendo o candomblé, o samba e a capoeira em suas pinturas, esculturas e ilustrações.

"O axé é o tema central do enredo, mas nós pegamos a versão do Carybé, porque pesquisando tantos preceitos, tantos rituais relacionados ao axé, nós vimos na obra dele uma fonte inesgotável de possibilidades. Então no primeiro momento foi nos apresentado o axé como tema e nós trouxemos o Carybé", comentou o carnavalesco Ricardo Hessez.

No enredo do Império da Tijuca, a Sapucaí começa como uma tela em branco que vai ser pintada com as "as cores do axé" (nome do enredo). A escola vai passar pelo nascimento da natureza, dos orixás e das festas populares.

"Primeiro setor a gente traz a parte da natureza o axé, o que a natureza transmite. No segundo, a gente traz a parte religiosa do Candomblé, os significados, as ferramentas, roupas, o próprio despacho e oferenda. Fecha com grande terreiro com homenagem aos dois padroeiros da escola que é Oxum e Ogum. No terceiro viemos ligados a festas tradicionais, a Bahia, e vem trazendo festividades e no último a gente traz o axé dentro de uma escola de samba”, explicou o carnavalesco Júnior Pernambucano.

Para um enredo forte, o samba terá muito fundamento.

"A gente fala no refrão do Morro da Formiga e existe muito a ideia da comunidade ir pra Sapucaí ou ir para as ruas e a gente inverteu um pouco a lógica desse samba. A gente está trazendo o enredo para dentro da Formiga. Aqui é onde vem toda a inspiração para os 82 anos de carnaval dessa escola", disse o compositor Júlio Page.

*Sob supervisão de Christiano Pinho

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