CAOS NA SUPERVIA: Atrasos, superlotação e estações dominadas pelo tráfico

Operação Estação Segura fez mais de 700 abordagens em um mês, aprendendo cabos roubados e até armas

Pedro Cardoni*

Passageiros reclamam do serviço prestado pela Supervia nas estações
Reprodução/TV Band

Pouco mais de um mês depois do início da "Operação Estação Segura" nos trens da Supervia, a Polícia Militar divulgou um balanço das ações. Ao todo, o Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) já fez mais de 700 abordagens a pessoas e veículos, e apreendeu duas pistolas, 10 facas, duas granadas, 790 maços de cigarros, 200 metros de cabos de aterramento e 23 máquinas caça-níqueis durante ações desde oito de abril deste ano. Equipamentos como martelos, placas e alicates também já foram encontrados pelos agentes durante as operações.

O foco da ação é tentar coibir ações de roubos e violência em estações de trens, crimes que afetam diretamente o funcionamento dos trens. As ações aconteceram na Vila Aliança e Coreia, em Senador Camará, Zona Oeste do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (12). Um homem com uma mochila cheia de fios foi abordado e levado para a delegacia pelos agentes.

"No cotidiano, os usuários sofrem muitos problemas decorrentes de atrasos e da falta de segurança, como por exemplo desníveis entre o trem e a plataforma, tanto na distância, como na altura. Além disso, tem estações dominadas pelo crime, então há serviços que a Supervia alega não poder prestar porque não tem domínio naquela região. É o caso da Estação de Senador Camará, onde há uma loja do tráfico dentro da estação", afirmou Waldeck Carneiro, deputado estadual relator da CPI dos Trens.

Especialistas ressaltam a importancia da ação policial na garantia da segurança nas linhas de trem e da concessionária na proteção patrimonial para que a população não enfrente mais transtornos com perdas de tempo e dinheiro.

"O governo estadual tem que atuar na parte de segurança pública. A concessionária não tem poder de polícia, então a sua segurança patrimonial não pode atuar como polícia, então ela tem dificuldade de coibir todas essas práticas. O que a concessionária tem que fazer? Cuidar da vedação da faixa, recompor a vedação da faixa, tentar esconder da melhor maneira possível os cabos. Mas, o Governo do Estado tem que atuar com inteligência e monitoramento constante dentro e fora das linhas", comentou Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes.  

POPULAÇÃO RELATA PROBLEMAS CONSTANTES

Entre os inúmeros problemas enfrentados pela população nos trens, os atrasos são as maiores reclamações. Segundo os usuários do sistema, os atrasos, que chegam a passar de uma hora, já são até esperados.

"Hoje foi 25 minutos o intervalo entre um trem e outro. Todos os dias é isso. O principal problema é o atraso. A gente chega atrasado no trabalho e ainda chega cansado, amarrotado", reclamou Crenildo da Silva, que enfreta atrasos no ramal Santa Cruz.

A superlotação e o número de baldeações também interferem na ida ao trabalho do carioca.

"É superlotação. Na hora que você vai pegar, não dá pra entrar, tem que entrar com a mochila na frente e fica todo incomodado", contou Edson Santos, usuário do ramal Santa Cruz.

"A viagem hoje foi com atraso, mas tá sempre atrasando. A Supervia deixa os passageiros indispostos. Nós temos que fazer baldeações, elas atrasam muito a nossa viagem. A gente corre pra chegar cedo, mas não dá. A gente não consegue chegar cedo no serviço", completou Ana Maria Guerra, usuária dos ramais Gramacho e Saracuruna.

Mesmo quando conseguem pegar os trens, a falha nos veículos também é um dos problemas recorrentes para aqueles que necessitam pegar os trens no dia a dia.

"Fiquei em Nova Iguaçu 40 minutos esperando o trem que tava muito atrasado, geralmente a gente espera 10 minutos. Chegando aqui em Deodoro, o trem quebrou e a gente teve que soltar para poder esperar outro trem superlotado para poder chegar em São Cristovão. É todo dia, quando não é de manhã, é de tarde", relatou Nathalia Souza.

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