Bombeiro que atropelou e matou ciclista não tem doença mental, aponta perícia

João Maurício Correia Passos responde pela morte do ciclista Cláudio Leitte da Silva, de 52 anos, no Recreio dos Bandeirantes, em janeiro de 2021

Felipe de Moura (sob supervisão de Natashi Franco)

João Maurício estava bêbado quando matou o taxista aposentado Reprodução
João Maurício estava bêbado quando matou o taxista aposentado
Reprodução

O bombeiro João Maurício, que, dirigindo bêbado, atropelou e matou um ciclista no Recreio dos Bandeirantes, em janeiro do ano passado, não tem doença mental. O exame de insanidade feito pelo Instituto de Perícias Heitor Carrilho, pelo qual passou o capitão do Corpo de Bombeiros, atestou que o agente não apresenta sinais clínicos de doença mental e nem de dependência química.

O bombeiro alegou que é usuário nocivo de álcool desde 2016, quando teria perdido o controle sobre o uso.

O exame também indica que ele era capaz de entender o caráter criminoso do fato, que ocorreu no dia 11 de janeiro de 2021, no Recreio dos Bandeirantes, na Avenida Lúcio Costa, Zona Oeste do Rio, quando matou Cláudio Leitte da Silva, um taxista aposentado, que andava de bicicleta pela avenida.

João apresentou um laudo de psiquiatra particular (que aponta tratamento desde o dia 9 de junho de 2021) com diagnóstico de transtornos mentais e comportamentais devido ao uso do álcool, transtorno de adaptação, transtorno misto ansioso-depressivo e episódio depressivo.

Porém, o médico psiquiátrico Carlos Roberto Alves de Paiva, atestou no documento que “na história de vida de João em momento algum se evidencia descuido com a organização pessoal ou cuidados com a integridade física, características dos dependentes químicos de álcool.” Segundo ele, não há provas de licenciamento do trabalho ou de tratamentos anteriores ao atropelamento devido ao suposto vício.

No dia da perícia, o bombeiro se apresentou com roupas que aparentam “apuro e vaidade” e demonstrado “cuidados regulares com a saúde pessoal”, segundo Carlos Roberto.

Mesmo estando alcoolizado no momento do acidente, o médico relatou que não há dados que comprovem a versão do João de inconsciência naquele momento. De acordo com a perícia, ele era “inteiramente capaz de entender seu caráter ilícito”.

RELEMBRE O CASO

João Maurício foi preso em flagrante por uma equipe da Corregedoria dos Bombeiros e agentes da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes). Ele foi encontrado saindo da casa de um amigo, na manhã do dia 11 de janeiro de 2021.

O crime aconteceu depois de ele ter bebido em um posto de gasolina. A câmera de segurança do posto mostra o João comprando cerveja na loja de conveniência. Em um outro momento, a imagem mostra ele dançando com duas garrafas de bebida (uma de vodka e uma de whisky). Segundo os investigadores, a cena foi cerca de uma hora antes do atropelamento. Depois do acidente, o carro ficou com a lataria destruída.

Na delegacia ele disse que fugiu depois de ter atropelado e matado o taxista aposentado “porque estava com medo de ser linchado”. No carro dele, a polícia encontrou documentos que identificaram o capitão do corpo de bombeiros, uma bíblia e uma garrafa de whisky. Ele já tinha sido preso por ter agredido a esposa, deficiente física, na casa onde morava, no Méier, Zona Norte do Rio.