A pianista Maria Josephina Mignone completou 100 anos no dia 25 de março, e toca piano com a mesma devoção de quando descobriu a paixão pelo instrumento aos 4 anos de idade, com a avó, de quem herdou o nome.
“Pequeninha descobri aquele piano. E ficava lá, o tempo todo, mexendo no piano, completamente ligada. Meu pai, vendo aquilo, percebeu que eu tinha um interesse grande na música. Quando cheguei em Belém, ele logo contratou uma professora para mim”, conta.
Natural de Belém do Pará, Maria teve suas primeiras aulas de teoria musical no Instituto Gentil Bittencourt, e deu continuidade ao talento musical no Conservatório Carlos Gomes de Belém. Foi então que ela conseguiu uma bolsa pelo Concurso no Conservatório de Belém para estudar no Rio de Janeiro.
Ela morou durante anos em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Hoje vive com a única filha, Anete Rubin, em São Paulo.
Durante um recital na Academia Lorenzo Fernandez, na Lapa, a pianista conheceu o famoso Maestro Francisco Mignone, com quem se casou. Ela interrompeu sua carreira de concertista de Chopin e Schumann para se dedicar ao repertório do marido.
Eles passaram a trabalhar juntos, e assim surgiu o Duo Mignone. A dupla tocou por 14 anos, até a morte do maestro.
No livro “Cartas de amor”, ela conta sobre a história de amor com o marido. Na última década, a pianista lançou uma coleção com 14 discos, contendo gravações de Mignone. Um resgate à memória da música brasileira dos últimos 70 anos.
“Eu acho que foi a música que me conservou viva, sabe? As pessoas me perguntam o que eu acho que me conservou, e é a música, sem dúvida, que alimenta a alma, o corpo, tudo”, disse a pianista.
*Sob supervisão de Danillo Carneiro