Amigo de Alberto Romano revela, em depoimento, reuniões semanais do empresário desaparecido com a milícia

Entre as negociações com o grupo, Romano tentava transferir um preso de penitenciária

Rafaella Balieiro (sob supervisão de Natashi Franco)

O corpo de Romano ainda não foi encontrado Reprodução/ Redes Sociais
O corpo de Romano ainda não foi encontrado
Reprodução/ Redes Sociais

O depoimento de um amigo de longa data do empresário desaparecido após ser assassinado pela milícia, segundo a Polícia Civil, traz detalhes da proximidade de Alberto César Romano Júnior com o grupo paramilitar. Entre as negociações executadas estava a transferência de um miliciano para um presídio de situação pior, como uma forma de punição. Cerca de R$2 mil seriam pagos semanalmente por Romano para agentes penitenciários.

De acordo com o depoimento de um amigo próximo, o empresário se encontrava semanalmente com líderes da milícia que atua na Zona Oeste do Rio. Era esse amigo que levava Romano para as reuniões com os paramilitares. Há 11 meses, o empresário se mudou para o Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Mas, o trabalho que pode ter sido feito para milícia começou bem antes, em 2018, quando Romano solicitou a ajuda desse mesmo amigo para fazer obras em um terreno no bairro de Paciência.

“Essa relação estreita com a milícia tornava a vida de Romano um perigo constante. A própria namorada dele informou que há quatro anos ele rompeu o relacionamento com ela, tendo receio de que algo ruim acontecesse a ele. Ele não queria colocar a namorada em risco”, comentou a delegada do caso, Ellen Souto.

As investigações apontam para homicídio e ocultação de cadáver como motivo pro desaparecimento de Romano. O grupo paramilitar gerenciado por Zinho, irmão do ex-chefe Wellington da Silva Braga, o Ecko, seria o responsável pela morte dele.

Pessoas próximas do empresário ainda contam que ele tinha laços estreitos com Ecko. No próprio depoimento, o amigo da vítima afirmou que o empresário estava mais receoso desde o racha entre o miliciano Tandera e Zinho, até mesmo um carro blindado havia sido comprado por ele.

O corpo de Romano ainda não foi encontrado. Equipes da Polícia Civil pretendem fazer buscas em bairros da Zona Oeste, por onde ele passou, segundo os registros do GPS do carro encontrado em Santa Cruz.

A Secretaria de Administração Penitenciária informou que irá apurar o caso de transferência de um preso, negociado com Romano.