O adolescente Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, foi morto na madrugada de hoje (7) a tiros durante uma operação da Polícia Militar na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
"Aí, gravando tudo, aí, ó! Só morador, olha o que eles estão fazendo", fala um morador da comunidade, não identificado, em um vídeo gravado durante o tiroteio.
Manifestantes tentaram fechar as vias de acesso da comunidade e atear fogo em latões de lixo após a tragédia, mas foram impedidos pela PM. Os protestos aconteceram nesta noite e também no início da tarde.
A Delegacia de Homicídios da capital abriu um inquérito para investigar de onde partiu o disparo que matou o jovem. Nenhum dos policiais que estava na ação usava câmeras no uniforme, equipamento que poderia ajudar a explicar o caso.
Segundo a família de Thiago, ele era um adolescente que sonhava em ser jogador de futebol. Nas redes sociais, o menino chegou a ser acusado de envolvimento com o tráfico. A família da vítima nega.
“A gente quer, pelo menos, que tirem essa imagem de que o Thiaguinho estava com arma. Isso é mentira, é uma crueldade fazer isso com uma criança. Ele não estava com arma, não andava com arma. O esporte tira a criança desses negócios, era a vida do Thiago, era essa. Futebol”, disse Hamilton Menezes.
A Polícia Militar afirmou, em um primeiro momento, que os agentes teriam revidado ataques de traficantes. Um suspeito teria sido baleado, e uma pistola apreendida. Mas, depois, a PM mudou a versão, afirmando apenas que o menino foi atingido por tiros nas pernas e nas costas e que não resistiu.
As armas dos militares envolvidos na ação foram apreendidas e vão ser analisadas na perícia.
EM OUTRA AÇÃO DA PM, JOVEM É MORTO NO CATETE
No Catete, na Zona Sul do Rio, um jovem morreu atingido por um tiro durante uma abordagem da Polícia Militar. Guilherme Lucas Martins, de 26 anos, estava voltando para casa de carro após comemorar seu aniversário em um baile funk com os amigos, na madrugada desse domingo (6).
A vítima estava com três amigos no veículo. Todos foram encaminhados para o Hospital Municipal Souza Aguiar.
A Polícia Civil investiga o caso. Em depoimento, um dos agentes envolvidos na ação afirmou que Guilherme não teria obedecido à ordem de parada, e que um dos jovens que estavam no carro com ele apontou uma arma para os policiais. A família contesta a versão.
“Não conseguiram nem abordar eles, já que falaram que eles deram fuga. Se eles não conseguiram abordar, como que eles vão conseguir achar uma arma com eles? Errado, totalmente errado. Não conseguiram nem parar o carro”, afirma Samuel Martins, primo da vítima.
Um protesto contra a morte do jovem fechou o Túnel Santa Barbara ontem (6). Ele era pai de um menino de 4 anos e, segundo familiares, cobria as férias do primo como zelador.
“Moleque alegre, cuidava do filho dele sozinho, estava segurando a barra sozinho, cuidando com a mãe dele, entendeu? Na correria, no entanto estava aí”, lamenta Samuel.
Em nota, a PM disse que apura a conduta dos policiais envolvidos na ocorrência.
*Sob supervisão de Christiano Pinho.