No município do Rio, 85% das pessoas internadas com coronavírus na rede SUS não estão com o esquema vacinal completo. Neste momento, 119 pessoas estão internadas com o vírus e 16 aguardam vaga. 51% dos leitos de enfermaria destinados à doença estão ocupados.
Dos três anos de pandemia, este é o que apresenta o maior número de casos. Apenas no primeiro semestre de 2022, 497.141 pessoas foram contaminadas com o Covid-19, de acordo com a Prefeitura do Rio. Em 2021, 307.511 pessoas pegaram a doença. Já em 2020, 221.493 pessoas se contaminaram com o vírus.
“Não completar o esquema vacinal, o que significa fazer as doses de reforço também, torna a pessoa não só mais vulnerável à outra infecção como também a evoluir de forma grave. É por esta razão que a grande maioria dos internados é composta de pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto. Quanto mais o vírus circular, mais chance de novas cepas resistentes às vacinas e a medicamentos teremos”, comentou a infectologista Tânia Vergara.
Porém, o número de mortes pela doença em 2022 é o menor dos últimos três anos. 1762 pessoas morreram neste ano. Em 2021, 16.227 e em 2020, 18.962. Graças à vacina, o número de mortes e casos graves não cresce de forma exponencial como nos últimos anos. A taxa de letalidade deste ano é de 0,4%. Em 2021, a mesma taxa foi de 5,6%. E o maior índice foi de 8,7% em 2020.
“As pessoas questionam que a vacina da Covid foi desenvolvida em tempo rápido. Não vamos esquecer que isso é resultado de um processo de evolução técnica-científica. Nós demoramos décadas para chegar ao rádio, mais vários anos para desenvolver a TV preto e branca, depois a TV colorida, quando a internet chegou e avançou cada vez mais. O que isso significa? Que a gente tem ciência gerando mais velocidade para encontrar soluções e não é diferente com a vacina. Elas são seguras e cumprem muito bem o seu papel. O grande problema é que quando as vacinas avançam e as doenças somem, acontece um fenômeno das pessoas relaxarem. As vacinas são, em última linha, um pacto pela vida e pela vida em comunidade”, disse Chrystina Barros, epidemiologista da UFRJ.
Até aqui, 68,1% dos cariocas acima de 18 anos tomaram a primeira dose de reforço. Em relação à população total, 53,3% receberam a terceira dose do imunizante. 64,8% dos cariocas acima de 60 anos receberam a segunda dose de reforço. Todos acima de 50 anos e profissionais da saúde acima de 40 anos já estão aptos a tomarem a quarta dose, basta ir um dos locais de vacinação disponibilizados pela Prefeitura.
“O aumento do número de casos se deve ao fato de estarmos com a variante Ômicron circulando. Dentro dessa variante, o predomínio no momento é de BA4 e BA5. Esta variante escapa das vacinas no que diz respeito à proteção contra infecção, mas as vacinas continuam a proteger contra doenças graves e óbitos. As doses de reforço são indicadas à partir do conhecimento que a proteção vai caindo com o tempo e varia de acordo com a idade e com a presença de doenças que provoquem imunodepressão”, complementou Tânia Vergara.
AMPLIAÇÃO DE TESTES E TROCA DE POSTOS
A capacidade de testagem de duas unidades de saúde no Rio foi ampliada. No Centro Municipal de Saúde (CMS) Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea, Zona Sul, e no CMS Heitor Beltrão, na Tijuca, Zona Norte. Outras 234 unidades de Atenção Primária da capital continuam realizando testes para a Covid-19, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Para tentar melhorar o fluxo de pessoas que vão fazer os testes, duas unidades de saúde transferiram a vacinação para outros pontos: O CMS José Manoel Ferreira transferiu a vacinação para o Museu da República, no Catete, Zona Sul, e o CMS Heitor Beltrão para o Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde informou que “cerca de 450 mil testes de antígeno estão sendo distribuídos aos municípios que solicitarem”. Segundo a pasta, a medida tem como objetivo tornar o diagnóstico acessível a todos que procurarem os serviços de saúde pública e manter o monitoramento do cenário epidemiológico da Covid-19 no estado.
*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco