Na área, por João Lidington
Jornalista, amante do jogo explicado por números e estatísticas e apreciador do bom futebol; do "tiki taka" à licença poética do chutão.
O pênalti convertido por Gabigol valeu por dois ontem no Maracanã. Se ele perdesse, o Corinthians ficaria com o título da Copa do Brasil. Se ele perdesse viriam as cobranças, as críticas. Se ele perdesse, os gols desperdiçados recentemente seriam evidenciados por torcedores mais “mimizentos”. Mas ele fez. Fez mais do que o gol da sobrevivência na disputa das penalidades. Gabigol ressuscitou um Flamengo fadado a sucumbir diante do gigante Cássio.
Quando a bola bate na rede, Gabriel pede calma para a torcida corinthiana - ávida por seu insucesso na cobrança – e em seguida, faz o tradicional gesto de punhos cerrados para cima. Até aí era apenas mais um pênalti convertido. Eis que uma explosão transborda do interior do camisa 9 e contagia o Maracanã, até então apreensivo e beirando um silêncio de tensão. Era o grito de alívio extravasado de cada um dos torcedores rubro-negros que estavam no estádio.
Neste momento, houve o resgate da magnética. O Flamengo voltava a ser o Malvadão. Estava em vantagem. E Gabriel voltava a ser o Gabigol. É inegável que o jogador não é mais o protagonista do time dentro de campo. Não há mais tantos cartazes espalhados nas arquibancadas dizendo que “hoje tem gol do Gabigol”. Pedro divide holofotes e taticamente é o homem-gol, o cara centralizado. No entanto, é em Gabriel Barbosa que o torcedor se vê, se encontra, se identifica.
Não havia mais como perder o título da Copa do Brasil nem para Cássio, nem para o Corinthians depois daquela comemoração. Virava covardia. Era Gabriel na sua mais pura essência, potencializado pela massa rubro-negra que só ele consegue representar tão bem. Admita, não era um jogador ali, era um torcedor batendo aquele pênalti.