Na França, um acordo comercial do Mercosul com a União Europeia tem sido o foco dos últimos dias, segundo a apresentadora do Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, e correspondente internacional, Sonia Blota.
O presidente Emmanuel Macron está no Rio de Janeiro para as reuniões do G20. Já os agricultores franceses pressionam para que o acordo entre os blocos não seja assinado no Brasil.
O setor enfrenta uma forte crise e seria prejudicado com a entrada de produtos de países como Brasil e Argentina.
Apesar de usarem a justificativa do meio ambiente, a verdade é que a agricultura europeia é familiar, baseada em pequenas propriedades e altamente subsidiada pelos estados.
As condições climáticas e hídricas não são tão favoráveis na França e, por isso, os agricultores do país não querem competir com o agro do Mercosul.
O Brasil, potência no agro, chega a ter três safras por ano. "Óbvio que os franceses estão com medo". Segundo Sonia Blota, a pauta que une todas as correntes políticas da França é justamente ser contra o acordo do Mercosul e União Europeia.
Macron já afirmou que não apoia o acordo. Por outro lado, Alemanha e Espanha têm interesse no acordo já que o trato criaria um fluxo de comércio de R$ 274 bilhões.
"Por parte da UE, será que a França pode mesmo bloquear [o acordo]? Os 27 países-membro [da UE] teriam que aprová-lo separadamente assim como o parlamento europeu e o parlamento de cada país do bloco. Paris precisaria da chamada minoria de bloqueio. Caso os países a favor não alcancem 65% da população do bloco, se quatro países forem contra, o acordo não sai."
Para Sonia Blota, o acordo não deve sair e, mesmo que haja algum tipo de assinatura, ficaria apenas no campo da colaboração, não no campo comercial.
"A diplomacia do Brasil trabalha muito para que esse acordo saia, mas está difícil. E os agricultores aqui da França estão de olho no que o presidente da França está falando no Brasil", disse.