Sérgio Moro troca de partido e desiste - momentaneamente - da candidatura ao Planalto.
Ontem, o ex-juiz deixou o Podemos e anunciou a filiação ao União Brasil - legenda resultante da fusão entre DEM e PSL.
A sigla tem uma das maiores bancadas do Congresso e 800 milhões de reais do fundo eleitoral, mas não está garantida na corrida presidencial.
Segundo o vice-presidente do União Brasil, Junior Bozzella, a filiação de Sérgio Moro é mais uma como qualquer outra.
No entanto, ele admite que uma candidatura como a do ex-juiz, com 10 pontos nas pesquisas eleitorais, não pode ser descartada.
Para entrar no novo partido, Moro disse, em nota, que abre mão, por enquanto, da candidatura à Presidência.
Mas, em entrevista horas antes da filiação, deixou claro qual é o objetivo principal dele.
Em nota, oito dirigentes do partido afirmaram ser contra a pré-candidatura do ex-juiz à Presidência no momento, mas deram as boas-vindas ao novo filiado.
Já o ex-partido de Moro, o Podemos, se disse surpreso com a movimentação.
Em comunicado oficial, a presidente nacional da legenda, Renata Abreu, admitiu o menor poder financeiro do Podemos.
Mas ressaltou o compromisso com quem, segundo ela, "sonha grande pelo projeto de um Brasil justo, para além do dinheiro".
Caso Sérgio Moro não concretize a candidatura à Presidência, o plano B já está selado: concorrer à Câmara dos Deputados por São Paulo.
A decisão final deve ser anunciada em junho, durante a época das convenções partidárias.
Na avaliação do colunista da Rádio Bandeirantes, Fernando Schuler, o movimento de Moro indica que o país caminha cada vez mais para a polarização.
Ciro Gomes, do PDT, criticou o que chamou de governança política que, de acordo com ele, reúne o que existe de pior nas alianças partidárias.
E ironizou as reviravoltas dos adversários: "muitos vão ceder, mas não serei eu", escreveu.
Para o Planalto, a ida de Sérgio Moro para um partido mais robusto representa um desafio para Jair Bolsonaro.
Na avaliação do governo, caso o ex-juiz se mantenha na disputa, ele seria um adversário direto do presidente por votos do eleitorado.
Mas, por enquanto, Bolsonaro parece estar mais preocupado em diminuir a diferença de pontos para o líder Lula.
O petista também não vem medindo palavras contra o principal adversário:
O Planalto não respondeu aos ataques do ex-presidente.