Selic em 11,25% é freio para atividades produtivas, diz ex-presidente do BNDES

Copom anunciou aumento da taxa básica de juros nesta quarta-feira (6); para Paulo Rabello de Castro, "veneno dos juros" provocará desaquecimento em 2025

Da redação

Sede do Banco Central
Agência Brasil

Após o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 11,25% ao ano, o ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro avalia que agora o Brasil tem "provavelmente o juro real mais elevado do mundo neste momento".

A informação foi divulgada no início da noite desta quarta-feira (6) pelo Banco Central. A taxa anterior estava em 10,75%. Para Rabello de Castro, entrevistado pelo Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, nesta quinta-feira (7), a elevação da taxa não foi uma surpresa.  

"O Banco Central está fazendo aquilo que sempre comentamos que é brigar com a outra parte do governo que é responsável pelo lado fiscal. Esse assunto deveria ter sido resolvido dentro do Conselho Monetário Nacional, que deveria estar funcionando, para evitar o conflito onde o grande pagador dessa conta é o setor produtivo", disse.  

Para o ex-presidente do BNDES, a elevação da taxa básica de juros gera dois fenômenos que são contraproducentes. "O primeiro: o nível do encargo que ele mesmo [o governo] pagará pela enorme dívida. E quem paga essa dívida? Nós todos, contribuintes."

"O segundo aspecto terrível é que isso é um freio para todas as atividades produtivas. Quando a taxa básica vai a 11,25%, as taxas empresariais nos bancos já passaram de 20%. As taxas de crédito direto ao consumidor já passaram de 30% e o nível de financiamento exigido já subiu além do valor da Selic", avaliou Rebello de Castro.  

No entanto, segundo o ex-BNDES, o Natal será bom, mas os efeitos da elevação da taxa serão sentidos ao longo do próximo ano.  

"Há um efeito de frenagem muito grande de uma economia que, no momento, vai bem. A boa notícia é que vamos ter um bom Natal, mas fatalmente ao longo de 2025 esse veneno do juros vai percorrer todo o organismo da economia e vamos ter o início de um desaquecimento lá para o segundo semestre de 2025."

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