Poucos meses da eleição que irá definir o prefeito de São Paulo no próximo quadriênio, a ala da esquerda parece já ter definido qual chapa representará o eleitorado progressista. Segundo o colunista da Rádio Bandeirantes, Marco Antônio Sabino, a ex-prefeita de São Paulo (2001-2005) Martha Suplicy deverá integrar a chapa do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) na disputa à prefeitura paulistana.
De acordo com a apuração, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era um entusiasta da ideia de repatriar Marta Suplicy, já que a ex-senadora foi filiada ao Partido dos Trabalhadores entre 1981 e 2015 - após esse período, rumou para o MDB, Solidariedade e agora encontra-se sem partido.
Negociações políticas
Nas últimas semanas, Lula passou a realizar ligações periódicas a Marta com o intuito de se reaproximar da ex-petista, que também via com 'bons olhos' a possibilidade de retornar ao partido de esquerda.
Em paralelo, havia uma negociação entre PT e PSOL a respeito da chapa que disputará a prefeitura de São Paulo nas eleições que ocorrerão em outubro deste ano.
Tudo começou em 2022, quando Guilherme Boulos lançou sua candidatura a governador de São Paulo. Na ocasião, os petistas apostavam todas as suas fichas no nome de Fernando Haddad (PT) para, pela primeira vez na história, vencer o governo do Estado e comandar o Palácio dos Bandeirantes.
Caso ambas as candidaturas prosperassem, havia o entendimento que o eleitorado iria se dividir. Boulos, então, negociou com o PT e largou a corrida ao governo de São Paulo em troca do apoio do PT na corrida à prefeitura em 2024. Ambos aceitaram e Boulos foi eleito deputado federal. Agora, o parlamentar quer comandar a principal metrópole da América Latina.
Com o posto de vice na chapa, o Partido dos Trabalhadores buscava um nome que pudesse diminuir a rejeição de Boulos na capital. Lula, então, passou a trabalhar para o nome de Marta Suplicy ser a vice na chapa com o PSOL.
Visão presidencial
"Foi uma amarração e uma estratégia do presidente Lula. Marta poderia ser uma vice perfeita, já que Boulos não tem experiência executiva. Marta é muito experiente, já foi prefeita de São Paulo, conversa com a classe média e também com a periferia. Ao contrário de Boulos que penetra o público jovem e Marta, o público 'sênior'. Portanto, bastante complementares os perfis. Os marqueteiros entendem que Marta tem 'recall' - lembrança - pelas marcas que deixou, como os CEUs e o Bilhete Único", informou Sabino.
Na noite da última segunda-feira (8), o deputado federal Rui Falcão (PT-SP) compartilhou em suas redes sociais uma imagem de um encontro de Marta Suplicy com o presidente Lula, no Palácio do Planalto. As imagens, no entanto, não foram publicadas nos perfis de Marta ou de Lula.
Realidade de Marta
O acordo firmado, no entanto, deverá 'forçar' Marta a readequar seu discurso, uma vez que a ex-senadora ocupa o cargo de secretária de Relações Internacionais na gestão Ricardo Nunes (MDP) - concorrente de Boulos na eleição paulistana -, e embora tenha sido ministra da Cultura no governo de Dilma Rousseff (PT), a ex-prefeita de São Paulo votou de maneira favorável ao seu impeachment durante sua passagem pela Casa Alta do legislativo federal.