Quem é o desembargador que deve receber salário de R$ 100 mil mesmo afastado

Agora ex-presidente da Primeira Câmara Criminal do TJ-SP, Ivo Almeida é investigado por vender sentenças

O desembargador Ivo de Almeida, apontado como um dos alvos da Operação Churrascada
Daniela Smania/TJSP

O desembargador Ivo de Almeida, de 66 anos, investigado por vender sentenças no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), foi alvo de uma operação da Polícia Federal na última quinta-feira (20).

Ele foi alvo de uma busca e apreensão em sua residência, na Zona Norte de São Paulo, onde foram encontrados R$ 170 mil em espécie. Além disso, houve apreensão de materiais eletrônicos e celulares em seu gabinete.  

Agora ex-presidente da Primeira Câmara Criminal do TJ-SP, onde estava há dez anos, Ivo também responde a um processo disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Deve ficar afastado por um ano, mas com salário integral de mais de R$ 100 mil.  

Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Almeida ingressou na magistratura em 1987, como juiz substituto em Bauru, cidade do interior paulista.  

Foi corregedor dos presídios paulistas durante o "Massacre do Carandiru", em 1992, e ouvido como testemunha nos julgamentos contra os policiais militares acusados da execução de 77 presidiários.

Com o afastamento, o interesse dos brasileiros pelo nome do desembargador atingiu o volume máximo em cinco anos. Os dados são da ferramenta Google Trends, que mede o volume de buscas feitas no site no país (veja no gráfico abaixo).

Interesse pelo desembargador Ivo de Almeida

O que se sabe das investigações

A principal questão que a polícia busca responder é a origem e o propósito do montante em espécie encontrado na apreensão na casa de Ivo. 

A investigação inicial aponta que um habeas corpus poderia custar até R$ 1 milhão, sugerindo um esquema de venda de decisões judiciais.  

As suspeitas não se limitam apenas ao desembargador, mas se estendem a seu círculo de atuação, incluindo advogados e até um guarda civil que trabalhava em seu gabinete. 

Em um dos casos investigados, dois criminosos com diversas passagens pela polícia tiveram condenação alterada do regime fechado ao semiaberto, por decisão do desembargador.  

Há investigação de uma denúncia de que o braço direito de Fernandinho Beira-Mar, considerado um dos maiores traficantes do Brasil, pode ter sido beneficiado por uma dessas sentenças. 

Condenado a 39 anos de prisão, ele teria conseguido sair de uma penitenciária graças ao esquema.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por meio do ministro Og Fernandes, está conduzindo as investigações.

"Dia do churrasco"

O nome da operação da PF, "Churrascada", foi inspirado no código usado pelos envolvidos no esquema para indicar o dia em que o desembargador estaria de plantão e poderia favorecer a atuação do grupo criminoso.  

O termo "dia do churrasco" representava o dia ideal para a execução das fraudes. 

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