A cidade de São Paulo registrou aumento de 42% nas mortes de motociclistas no trânsito no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado.
Foram 213 mortes de motociclistas ou garupas em São Paulo de janeiro a junho deste ano.
No segundo capítulo da série da Rádio Bandeirantes sobre a explosão da frota de motos em São Paulo, a reportagem revela o impacto nos acidentes de trânsito na vida dos trabalhadores sobre duas rodas.
Especialistas ouvidos pela Rádio Bandeirantes elogiaram iniciativas como a faixa azul, mas acreditam que o cenário só muda com a ampliação da fiscalização do cumprimento das regras de trânsito e melhorias na formação de motociclistas para liberação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Atualmente, a capital paulista têm 145 quilômetros de faixa azul – a meta da prefeitura é chegar a 200 quilômetros até dezembro.
Nas Marginal Tietê e Marginal Pinheiros, no entanto, o projeto avança lentamente – as vias são as que mais registram mortes de motociclistas.
O ex-diretor técnico da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e responsável pela criação da faixa azul, Luiz Fernando Devico, destaca a importância do reforço nas fiscalizações de trânsito.
"Não tem fiscalização. Na 23 de maio, por exemplo, estava acompanhando o projeto (faixa azul) o motociclista desceu a 140 km por hora e colocou o pé cobrindo a placa quando passou no radar. Não se vê mais moto parando em semáforo", disse à Rádio Bandeirantes.
Motociclista há mais de 20 anos, Weverton William destacou à reportagem a necessidade de formação adequada de novos motociclistas.
"Eu digo que a galera esta tirando habilitação pela internet. Tem a faixa azul e a galera quer passar por cima de você. Não respeita o limite de velocidade e tem muitas pessoas inexperientes na rua."
O entregador Danilo Mendes revelou à Rádio Bandeirantes que em um ano e meio trabalhando sobre duas rodas sofreu quatro acidentes.
Números de atendimentos médicos a motociclistas
De 2016 até este ano os atendimentos de motociclistas subiram de 20 para 80% do total no setor de traumas do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
A maior parte das internações de motociclistas em todo país acontece no estado de São Paulo. Para Celso Miranda, especialista em motociclismo, a sinalização adequada e fiscalização ajudam, mas é preciso rever a concessão da CHN.
"Se pensa simplesmente na questão de dar um certificado que diz que essa pessoa sabe se equilibrar em duas rodas. Enquanto as pessoas acharem que elas estão competindo para chegar em algum lugar mais rápido, só vai dar porcaria", disse à reportagem.
A prefeitura de São Paulo destacou o comportamento e o excesso de velocidade como as principais causas de morte dos motociclistas e apontou a faixa azul e cursos gratuitos, fornecidos pela CET, como medida para redução dos índices.