O neurologista Renato Anghinah, médico da lenda do boxe Maguila, afirmou durante entrevista ao Bora Brasil, da Rádio Bandeirantes, nesta sexta-feira (25), que não são apenas boxeadores ou esportistas que podem ser acometidos pela Encefalopatia Traumática Crônica (ETC).
Segundo Anghinah, vítimas de violência doméstica podem desenvolver a doença degenerativa por conta de agressões e golpes repetitivos no crânio, por exemplo.
"A gente tem que lembrar de vítimas que podem desenvolver ETC e não são esportistas. Pessoas que no dia a dia sofrem trauma de crânio com frequência, como vítimas de violência doméstica, crianças agredidas na região do crânio podem desenvolver a doença. Tenho dois casos no consultório de pessoas que tem provável diagnóstico de ETC por violência doméstica", disse Anghinah.
Inicialmente, quando Maguila começou a apresentar os sintomas da doença, os especialistas acreditavam que o ex-boxeador havia desenvolvido Alzheimer. No entanto, com mais informações e estudos sobre a ETC, chegou-se ao diagnóstico de Maguila, que morreu nesta quinta-feira (24).
"Pouco se sabia sobre a doença quando Maguila começou a apresentar os sintomas. Naquela época, os sintomas eram facilmente diagnosticados como quadro demencial, como Alzheimer", disse à Rádio Bandeirantes.
A partir da evolução da medicina com os estudos sobre ETC, protocolos de concussão passaram a ser desenvolvidos em esportes como o futebol, o futebol americano, rúgbi entre outros.
"Pessoas que sofrem traumas repetidos na cabeça, independente de qual lado, por um espaço longo de tempo, tem maior chance de desenvolver esse tipo de doença. São micro lesões acumuladas que desencadeiam a doença degenerativa".
Segundo o médico, a ETC se desenvolve mais lentamente do que o Mal de Alzheimer. "A diferença é que o Alzheimer progride em 10 ou 12 anos e a ETC tem a evolução maior. Maguila teve os primeiros sintomas há 18 anos".
Maguila já havia manifestado a intenção de doar o órgão para estudos sobre a doença Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), que acometeu o boxeador após anos de luta.
Além do cérebro de Maguila, o USP tem os cérebros do ex-boxeador Eder Jofre e do ex-jogador de futebol Bellini em seu banco de cérebros.