
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu neste domingo (16) em Copacabana, no Rio de Janeiro, para a manifestação pela anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Durante o discurso, o ex-presidente afirmou já ter os votos necessários para que a aprovação do projeto de lei ocorra na Câmara dos Deputados.
Para o cientista político Fernando Schüler, o clima em Copacabana teve tons de melancolia e foi emocional durante alguns momentos apresentando as histórias das famílias de presos pelos atos de 8 de janeiro, como a de Cleriston Pereira da Cunha, preso em Brasília por participação nos atos antidemocráticos, que morreu na prisão.
Em entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, Schüler destacou ainda a expectativa em torno da deliberação que será feita pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a suposta tentativa de Golpe de Estado após as eleições de 2022. A análise acontecerá no dia 25.
Caso a Primeira Turma aceite a denúncia, Bolsonaro e outros denunciados se tornarão reús. "Há a expectativa de que nos próximos dias a denúncia seja aceita. Não há dúvidas sobre esse tema. Teremos um julgamento cujo resultado já é conhecido ou pelo menos muito previsível. Alguém tem dúvida sobre a posição de Moraes, Dino e Zanin?", disse Schüler.
O cientista político também viu semelhanças entre as falas de Bolsonaro, neste domingo, e de Lula, quando disse que havia se tornado "uma ideia", antes de ser preso, em abril de 2018.
Na época, Lula disse: “Não pararei porque não eu sou mais um ser humano. Eu sou uma ideia, uma ideia misturada com a ideia de vocês. A morte de um combatente não para a revolução”. "Bolsonaro fez algo muito parecido (...) O evento teve participação forte de Tarcísio de Freitas, que foi muito bem recebido", disse Schüler.
Para o cientista político, as ausência de outros apoiadores de Bolsonaro no ato é um "cálculo político". "Não ir até lá ontem é um cálculo político. Dizendo assim não vou me associar a um certo radicalismo que pode irritar o Supremo (..) mas tem um custo político porque o ex-presidente aprecia muito a lealdade pessoal, então acho que quem ganhou realmente esse jogo ontem foi Tarcísio de Freitas, óbvio que ele tem algum desgaste com isso", avaliou.