Lula defende a ideia de uma moeda única comum para transações comerciais entre países do Mercosul. Mas reforça que isso não significa o fim do real ou do peso.
O plano foi discutido ontem com o presidente argentino, Alberto Fernández, que também compartilha do mesmo pensamento. Ele se encontrou com o petista em Buenos Aires, na primeira agenda internacional do novo governo.
Em reunião na Casa Rosada, sede do governo argentino, os dois presidentes anunciaram uma comissão para analisar o assunto. À imprensa, Lula reforçou o apoio à novidade como uma necessidade de diminuir a dependência do dólar no comércio.
Para a colunista de economia da Rádio Bandeirantes, Juliana Rosa, não existe a possibilidade, hoje, de unificar as moedas. O motivo, segundo ela, são os momentos econômicos distintos vividos pelos dois países.
Atualmente, a Argentina enfrenta uma inflação de 95%, enquanto o Brasil está na casa dos 5%. Em termos comerciais, no entanto, a ideia parece possível, explica Juliana Rosa.
Além da moeda única, os dois presidentes conversaram sobre outros acordos bilaterais entre os países. Um deles é sobre a extensão de um gasoduto da Patagônia, no sul da Argentina, para levar gás natural até o Brasil.
Lula acenou com a possibilidade de financiar o projeto com dinheiro do BNDES, a depender do caixa do banco. E reafirmou a intenção de investimentos externos não só na Argentina, mas em outros países da América Latina, como Cuba e Venezuela. O presidente Alberto Fernández celebrou a retomada do diálogo com o Brasil, e disse que o vínculo vai se fortalecer nas próximas décadas.
Em Buenos Aires, Lula também tinha um encontro marcado com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Mas o compromisso foi cancelado a pedido do próprio mandatário venezuelano, que alegou motivos de segurança.
Ontem, o presidente também se reuniu com cerca de 300 empresários brasileiros e argentinos. Já à noite, participou de um evento ao lado do presidente argentino Alberto Fernández e do boliviano Evo Morales no Centro Cultural Kirchner. Hoje, Lula participa da reunião da CELAC - a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe.