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Justiça condena homem que atropelou cicloativista Marina Harkot a 13 anos de prisão

José Maria da Costa Júnior poderá recorrer da condenação em liberdade

Da redação

Justiça condena homem que atropelou cicloativista Marina Harkot a 13 anos de prisão
Cicloativista Marina Harkot
Reprodução/Arquivo Pessoal

A Justiça condenou a 13 anos de prisão José Maria da Costa Júnior, motorista que atropelou e matou a cicloativista Marina Harkot. O julgamento terminou nesta madrugada de sexta-feira (24), no Fórum da Barra Funda. 

A maioria dos 7 jurados considerou que o homem assumiu o risco de matar a vítima ao beber e dirigir em alta velocidade. Ele foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado por homicídio doloso qualificado, com dolo eventual e mais um ano por omissão de socorro e embriaguez ao volante. 

O motorista que respondia ao processo em liberdade poderá recorrer solto da sentença. A mãe de Marina Harkot, Maria Cláudia, afirma que a condenação é importante, mesmo não trazendo a filha de volta. 

"Eu acho que é uma etapa muito importante, para a Justiça e casos como esse. É um movimento importante e necessário". 

O pai da vítima, Paulo Harkot, afirma que o julgamento revive o sentimento de perda da filha. "Passar por isso é a situação mais distópica, pavorosa, horrenda, assustadora. Passamos por isso, continuamos passando e o que a gente quer é que ninguém passe pelo que passamos", disse. O Ministério Público deve pedir uma pena maior. 

Marina tinha 28 anos e voltava para casa de bicicleta na Zona Oeste de São Paulo, quando foi atingida pelo carro de José Maria. Imagens de câmeras de segurança mostraram o réu e um casal de amigos rindo momentos após o acidente. No julgamento, ele negou ter bebido naquela noite e disse que não percebeu que havia atropelado uma pessoa. 

Relembre o caso

Cicloativista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Marina foi atingida enquanto trafegava de bicicleta pela Avenida Paulo VI às 0h17 de 8 de novembro de 2020. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado por uma policial de folga que circulava pelo local e presenciou o atropelamento, mas a jovem morreu no local.

A identificação do carro foi possível graças à policial testemunha, que anotou a placa do veículo. Depois, a polícia confirmou por meio de câmeras que aquele veículo circulava pela região no horário do ocorrido.

A Polícia Civil afirmou na época também que, após fugir do local sem prestar socorro, José Maria da Costa Júnior abandonou o veículo no centro da capital paulista. Ele se apresentou no 14.º Distrito Policial (Pinheiros) somente na tarde de 10 de outubro de 2020, mais de 48 horas após o atropelamento.

Em entrevista à TV Globo dias após o ocorrido, Costa Júnior disse que "não tinha noção da complexidade" do que tinha ocorrido e de que "alguém pudesse estar ali, que pudesse estar machucado". 

Segundo a policial que presenciou o atropelamento, havia boa iluminação e "com certeza, ele (Costa Júnior) viu a Marina".

A avenida em que Marina foi atropelada tem quatro faixas e a socióloga estaria pedalando na última, perto do parapeito, de acordo com a investigação. Na via, a velocidade máxima permitida é de 50 km/h.

Descrita como uma pesquisadora brilhante e sorridente, Marina concluiu a graduação e o mestrado na USP, onde também era pesquisadora colaboradora, pelo LabCidade, e cursava o doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUUSP). Na academia, se tornou referência por reunir dados sobre gênero e mobilidade por bicicleta.

*Com informações do Estadão Conteúdo 

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