Governo israelense adia debate sobre reforma no judiciário

Medida do premiê Netanyahu pode arrefecer protestos, mas causa descontentamento em ministros

Luiz Felipe Nunes

Governo israelense adia debate sobre reforma no judiciário
AFP

Após semanas de protestos, o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, decidiu adiar uma proposta de reforma no judiciário do país.

A decisão de Netanyahu, porém, não é consenso entre os membros da coalizão de extrema-direita que governa o país. Um dos homens-forte do governo, o ministro da Segurança, Itamar Ben-Gvir, é apoiador da reforma que tira poderes do judiciário.

Ben-Gvir integra a ala mais à direita do governo. Para aliados do político, ministros da suprema corte do país são responsáveis pela desvinculação da nação israelense com o judaísmo e uma aproximação da cultura árabe-palestina.

A proposta de reforma do governo torna possível a revisão de decisões do judiciário pelo parlamento do país e muda regras para eleger ministros da corte, dando mais poder ao executivo.

Netanyahu também tem motivos para buscar reformar a alta corte do país. O premiê é investigado por fraude e corrupção durante seu mandato anterior, entre 2009 e 2021.

O cálculo do líder do governo, porém, inclui as maiores manifestações em Israel na última década.

A negociação de Netanyahu representa duas derrotas para o executivo. Além de adiar a votação da reforma no parlamento, o chefe do governo teve de agradar Ben-Gvir. De acordo com veículos de mídia israelenses, foi prometida a criação de uma nova força de segurança nacional, sob a guarda de Ben-Gvir. O ministro havia ameaçado abandonar o governo em caso de abandono da reforma.

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