Empresário delator do PCC não quis ingressar no programa de proteção a testemunhas

Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, Antônio Vinicius Gritzbach afirmou ao MP que seu estilo de vida "não se ajustava ao programa"; ele havia contratado escolta particular

Da redação

O empresário do ramo imobiliário, Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, 38, que foi executado ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na última sexta-feira (8), se negou a entrar no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas.

"Para ingressar, ele precisa cumprir algumas regras, como ter o comprometimento de não ter ligação com a sua vida anterior. Terá novo nome, novo endereço, mudará de estado. Só é possível que ele tenha qualquer tipo de escolta [oferecida pelo MP] se ele estiver no programa de proteção. O que ele se negou. Ele falou que o estilo de vida dele não se ajustava ao programa de proteção (...) o problema dele era extremamente grave e ele negou a todo momento que precisasse entrar no programa", disse o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, em entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, nesta segunda-feira (11).

Ao se recusar a participar do programa de proteção, Gritzbach contratou uma escolta particular formada por policiais militares da ativa, que foram afastados após o assassinato. Segundo Gakiya, embora o delator tenha sido executado, a delação e as provas obtidas continuam válidas para a investigação.

"As provas podem e devem ser aproveitadas. Houve vazamento da delação, não por parte do Ministério Público. Ele já havia prestado várias declarações para nós. Hoje estamos pedindo o encerramento do processo de delação pela morte do delator. Ele tinha muitas informações para nos prestar. Ele falou dos bancos digitais, estava falando do mundo do futebol, do envolvimento de policiais. A delação dele era bem ampla", disse.  

O Ministério Público vai acompanhar o inquérito sobre o homicídio de Gritzbach. O promotor defende que o caso não deve ser federalizado e as investigações devem continuar no estado de São Paulo. Na noite deste sábado, a Polícia Federal instaurou inquérito para investigar a morte do delator.

Crime organizado atingiu status de máfia

No momento em que o empresário foi assassinado com pelo menos dez tiros, ele carregava R$ 1 milhão em joias dentro da bagagem. A fortuna seria o pagamento de uma dívida.

"Esse crime chocou inclusive a mim que estou acostumado a lidar com essa situação. [Aconteceu] a luz do dia e no maior aeroporto do país. Isso foi um recado da facção ou de outros criminosos para dizer que atingimos, infelizmente, o status de máfia. Isso já aconteceu muito na Itália", disse o promotor. 

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