Economista espera que Copom mantenha Selic em 10,5% e decisão seja unânime

Zeina Latif falou ao Jornal Gente sobre a expectativa da divulgação da taxa de juros; Banco Central pode interromper clico de cortes

Da redação

O Comitê de Política Monetário (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (19) para divulgar a taxa Selic. O mercado espera que o Copom encerre o ciclo de cortes da taxa básica de juros e mantenha a Selic em 10,50%  

Em entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, a economista Zeina Latif avaliou que o Copom deve tomar uma decisão unânime "para evitar rachas" e manter a taxa em 10,50% neste momento.  

"Nesse momento, na relação custo benefício, vale mais a pena manter a taxa de juros e permitir um espaço para lá na frente voltar a cortar", disse a economista.  

Às vésperas da divulgação da taxa de juros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele afirmou, em entrevista à CBN, que Campos Neto trabalha para prejudicar o país e tem lado político.  

Para Zeina, as falas de Lula demonstram "a irritação dele com questões políticas de Campos Neto", mas as declarações não aconteceram em um bom momento. 

"O ideal seria não verbalizar isso, mas não tomaria as palavras do presidente como sinal de que vai acabar a autonomia do Banco Central, que foi aprovada pelo Congresso. Ele não conseguiria".  

Segundo a especialista, Lula quis gerar pressão às vésperas da divulgação da taxa de juros, mas "não quer dizer que o Banco Central absorva essa pressão".  

Sobre a participação de Campos Neto em um jantar com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Zeina afirmou que "teria sido mais adequado o presidente do Banco Central ter recusado o convite".

Ao criticar Campos Neto, Lula mencionou o jantar com Tarcísio e sugeriu que o presidente do Banco Central tinha pretensões eleitorais.  

"Quanto mais se preservar, melhor, e ficar distante da política e de grupos econômicos, se blindar. A proximidade é técnica e para compreensão, mas a distância é, de fato, para passar uma mensagem. Eu vejo o Banco Central com essa isenção mas é preciso sinalizar também", avaliou a economista.  

Em maio, o Copom reduziu a taxa básica de juros pela sétima vez consecutiva, para 10,5% ao ano.  

De agosto do ano passado até março deste ano, o Comitê tinha reduzido os juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião. Nesta última vez, a redução foi de 0,25 ponto percentual. 

Agora, a expectativa de especialistas é de que este ciclo de cortes se encerre e a taxa se mantenha em 10,5%.

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