Dick Danello, nome artístico de Filippo D'Anello, cantor, compositor, produtor, apresentador e ator italiano radicado no Brasil, revisitou com nostalgia sua trajetória na Jovem Guarda durante uma entrevista exclusiva para o programa Do Bom e do Melhor, apresentado por Danilo Gobatto na Rádio Bandeirantes.
Nascido na Itália, Dick começou a cantar ainda na infância em um convento, antes de imigrar para o Brasil em 1955.A carreira profissional de Dick Danello começou uma década depois, em 1964, já com o nome artístico que o tornaria conhecido.
Sua primeira participação de destaque foi no disco "Reino da Juventude", lançado por Antonio Aguillar. Em 1965, lançou seu primeiro EP com a Orquestra de Élcio Alvarez e o grupo vocal Eloá, alcançando sucesso nas paradas com o compacto “Quando Vedrai La Mia Ragazza”.
Foi em 1965 que Dick Danello se juntou ao movimento da Jovem Guarda, graças ao convite de Marcos Lázaro, um empresário artístico que promovia diversos talentos. “Foi o Marcos Lázaro, ele e o irmão dele, que me convidaram para participar da Jovem Guarda. Eu estava nas paradas de sucesso, então tinha que fazer parte,” explicou Dick.
Naquela época, o programa de Roberto Carlos já se destacava, e Dick passou a participar ativamente, sendo carinhosamente apelidado por Roberto de “O Italianíssimo”.Dick Danello relembrou com carinho o cenário da Jovem Guarda e a intensa movimentação em torno dos programas de televisão:
“Era uma loucura. As pessoas não acreditam na quantidade de fãs que ficavam esperando por horas para nos ver. Uma vez, tentei sair com o Jorge Ben e foi um tumulto, porque o carro estava do outro lado,” recordou-se, rindo.
Ele descreveu a atmosfera da época como uma de camaradagem e apoio mútuo entre os artistas, apesar da falta de tecnologias de comunicação atuais. “A gente se ajudava muito, todos eram amigos. Para sermos conhecidos, ficávamos em lugares movimentados como o Viaduto do Chá, onde chamávamos a atenção das pessoas, brincando uns com os outros.”
A amizade com Roberto Carlos não foi apenas profissional. O Rei da Jovem Guarda apreciava o estilo distinto de Dick, que se destacava pelo figurino elegante confeccionado pelo pai alfaiate. “Meu pai era perfeccionista. Ele fazia meus ternos para me apresentar na televisão. O Roberto gostava da forma como eu me vestia, por isso me chamou de ‘O Italianíssimo’,” contou Dick.
Além de Roberto Carlos, Dick mencionou outras figuras importantes da época, como Jerry Adriani, Tony Campelo e Sérgio Reis, com quem mantinha uma relação próxima. “Conversávamos muito sobre música, era o nosso negócio. Era super legal,” disse.
Dick Danello compartilhou que a Jovem Guarda foi uma fase de ouro não apenas pela fama, mas pelas amizades e experiências vividas. “Era uma época de muita saudade, todos eram amigos. A gente se ajudava, e isso era maravilhoso.”