Comerciantes ignoram lei que proíbe venda de bebida alcoólica em estádios

Caso ocorre no jogo seguinte ao acidente que resultou na morte de Gabriela Anelli, de 23 anos, vítima de estilhaços de uma garrafa de vidro arremessada em briga de torcidas

Rádio Bandeirantes

No confronto entre Palmeiras e São Paulo, em jogo válido pelas quartas de final da Copa do Brasil, ocorrido na noite da última quinta-feira (13), o primeiro jogo no Allianz Parque após a confusão que ocasionou na morte da torcedora Gabriela Anelli, de 23 anos, comerciantes ignoraram a legislação que proíbe venda de bebidas alcoólicas no entorno do estádio.

Bares no entorno da arena alviverde comercializaram cervejas e outras bebidas com álcool em sua composição. A lei estadual de 27/12/1996 proíbe a venda de bebidas alcoólicas no interior de estádios, ginásios e em um raio de 200 metros a partir da entrada. O artigo ainda proíbe o uso de garrafas de vidro e bebidas enlatadas.  

Uma notificação emitida pela subprefeitura da Lapa na última quarta-feira (12) reforçou a proibição em dias de jogo. Nos arredores do estádio, no entanto, a legislação nunca foi cumprida e não é coibida pela fiscalização.  

Ontem, tratou-se do primeiro jogo no Allianz Parque após a confusão ocorrida no último sábado entre as torcidas de Palmeiras e Flamengo, que culminou em uma garrafa arremessada em direção aos fãs alviverdes, que se estilhaçou e acertou o pescoço da jovem palmeirense. Gabriela chegou a ser hospitalizada, mas sofreu duas paradas cardíacas e não resistiu.  

Com torcida única, no caso, somente a palmeirense, o clássico paulista atraiu muitos torcedores. Alguns manifestaram-se favorável à proibição. Já outros, foram contrários.  

"Concordo, porque já está mais do que provado que não há outro jeito. Precisa proibir mesmo, eles não se controlam. Tem que proibir mesmo", declarou uma torcedora.  

"Infelizmente, por culpa de alguns poucos, a maioria paga. Então, sou a favor sim. Evita transtornos no redor", afirmou outro fã do Palmeiras.

"Acho um exagero, até porque você pode estar comprando 200 metros depois [da entrada] e trazendo para cá. Não faz muito sentido, acredito que poderia estar sendo mais observado a segurança pública no geral, do que unicamente para as bebidas. Não minimiza o impacto entre as torcidas", declarou outro torcedor.

Para comerciantes, donos de bares e restaurantes próximos ao estádio, a proibição efetiva da venda de álcool impossibilitaria os negócios. Atualmente, as garrafas de vidro são disponibilizadas até as 16h e, depois, a bebida é entregue em copos descartáveis.

Isidoro Lopreto, dono de um bar em frente ao estádio, nunca foi questionado ou autuado pela fiscalização. Ele ressalta que grande parte da renda dos estabelecimentos da região vem, justamente, da venda de bebida alcoólica em dias de jogo.  

"99,9% do comércio dessa região vive única e exclusivamente de futebol. Nem de shows. Se proibirem a venda de bebida alcóolica na região, vão deixar quantas pessoas sem emprego e famílias necessitadas? Porque os bares irão fechar", declarou.

Posicionamento das autoridades

Por meio de nota, o governo de São Paulo disse que a Polícia Militar monitora a segurança no entorno dos estádios em dias de jogo, mas ressaltou que a fiscalização de comércios e vendedores ambulantes cabe a gestão municipal. Já a Prefeitura de São Paulo afirmou que atua por meio da Guarda Civil Metropolitana no patrulhamento no entorno do Allianz Parque.

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