A cidade de São Paulo vive uma segunda explosão da frota de motos. A primeira, há 10 anos, foi motivada pelo aumento do número de pessoas que procuravam ganhar tempo no trânsito e, para isso, abandoaram o carro.
Agora, em 2024, são entregadores que buscam sustento que aumentam a circulação de motos na capital, movimento que foi ampliado a partir da pandemia de Covid-19.
A frota em circulação na capital paulista é 31% maior do que em 2019, o que representa mais de 1,1 milhão de motos.
Em uma série de dois capítulos, a Rádio Bandeirantes explica os impactos desse aumento na maior metrópole do país.
Nesta segunda-feira (29), o primeiro episódio destaca o relato de um entregador que coloca o trabalho à frente da própria segurança para tentar fechar as contas no fim do mês.
Claiton Soares, 33 anos, falou à Rádio Bandeirantes sobre a sua rotina em duas rodas pelas ruas de São Paulo.
"Ando muito veloz, mas eu penso que se eu quebrar minha moto não vou ter como consertar". Segundo ele, é a moto, seu principal instrumento de trabalho, que proporciona uma "vida sustentável".
A gente ganha por entrega. Quem diz o valor que eu ganho sou eu e isso coloca uma pressão sobre mim
Nos últimos cinco anos, o emplacamento de motos novas subiu 68% na cidade de São Paulo.
Para Celso Miranda, especialista em motociclismo, a questão vai além da mobilidade urbana. Segundo ele, os entregadores que usam a moto diariamente visam um salário melhor.
"A gente sabe que teve aumento de carteiras assinadas, mas os saláriso estão muito achatados. Há cada vez mais a chance de trabalhar com entregas e logística e aí a moto tem a projeção de ganhar mais. Veja que é mais complicado do que simplesmente a questão de mobilidade urbana", disse.
Com mais motos nas ruas, o número de mortes também disparou. E como frear esse aumento? Este será o tema do episódio desta terça-feira (30).