O delegado Celso Saad, da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE), concedeu uma entrevista exclusiva na manhã desta terça-feira (11) ao âncora José Luiz Datena, durante o Manhã Bandeirantes, e afirmou que a prisão de Leonardo Felipe Xavier Santiago - acusado de arremessar a garrafa que se estilhaçou e cortou o pescoço de Gabriela Anelli no último sábado - foi realizada com base nos depoimentos de testemunhas.
O que temos são provas testemunhais de pessoas que disseram ter visto ele [Leonardo Santiago] atirando a garrafa. Inclusive, uma das pessoas é a que está no auto de prisão em flagrante, com base no depoimento dele que foi feito o auto de prisão em flagrante. Ele estava ao lado da Gabriela.
Questionado sobre a mudança na versão do preso, já que Leonardo alterou sua manifestação à polícia dizendo que teria atirado uma pedra de gelo e não uma garrafa de vidro, Saad afirmou que não há duplicidade nas manifestações e que todas as provas colhidas foram aprovadas pelo poder Judiciário. "O que nós estamos trabalhando, junto com o pessoal do Palmeiras, é em relação as imagens", disse o delegado ao afirmar busca novos registros do ocorrido.
De acordo com o delegado, a prova testemunhal tem um valor e peso como prova em um inquérito tão grande quando as imagens de uma câmera. Esse entendimento ocorre já que, em alguns casos, não há como ter imagens do ocorrido. "A prova testemunhal tem a sua validade, foi ela a utilizada na prisão em flagrante e também para converter a prisão para preventiva", ressaltou.
As testemunhas que viram [o ocorrido] afirmam categoricamente [que o acusado arremessou uma garrafa]. Obviamente, vimos outros torcedores arremessando garrafas. Essa testemunha que estava ao lado da Gabriela viu ele [Leonardo Santiago] atirando a garrafa, que voou um pedaço, um estilhaço, que pegou o pescoço da Gabriela.
Por fim, o delegado pediu uma extensão na lei que determina a venda de bebidas apenas em copos de plásticos dentro dos estádios, para áreas próximas e no entorno às arenas. Além disso, Saad confirmou que o inquérito policial está definido como homicídio qualificado por motivo fútil - o que pode agravar a pena do acusado, caso condenado -, doloso e consumado, uma vez que a vítima faleceu.
Palmeirense atingida por estilhaços
No último sábado (8), Gabriela Anelli encontrava-se nos arredores do Allianz Parque quando uma confusão entre torcedores começou. Após desentendimento entre os fãs de Palmeiras e Flamengo, uma garrafa de vidro foi atirada e os estilhaços acertaram o pescoço de Gabriela. A jovem de 23 anos chegou a ser socorrida e foi levada à Santa Casa de São Paulo, mas teve duas paradas cardíacas e não resistiu aos ferimentos.