Em meio ao adiamento de uma definição do Supremo sobre o orçamento secreto, os aliados de Lula tentam destravar a PEC da Transição na Câmara. O presidente da Casa, Arthur Lira, pisou no freio e não cumpriu o combinado com o petista: votar a proposta nesta semana. A análise da matéria pelos deputados ficou para a próxima, última antes do recesso.
O PT chegou a pressionar dizendo que se a votação não fosse nesta quinta-feira, partiria para o plano B: apostar numa medida provisória no início do mandato. Mas não adiantou; o líder do partido na Câmara, Reginaldo Lopes, diz que na terça-feira que vem vai ter mais do que os 308 votos necessários em dois turnos.
Arthur Lira quer garantir mais espaço aos aliados dele no futuro governo e pleiteou ministérios importantes, como Saúde ou Minas e Energia. Mas integrantes do grupo de transição dizem que Lula ofereceu a Integração Nacional em troca do apoio do presidente da Câmara. O deputado Elmar Nascimento, do União Brasil da Bahia, muito próximo de Lira, é o mais cotado para a pasta, que será recriada.
Para não atrapalhar as negociações da PEC, o presidente eleito freou o anúncio de novos nomes para a equipe. Lula também observa uma resistência da direção do PT sobre o comando de alguns ministérios mais estratégicos. É o caso de Simone Tebet, senadora que está no fim do mandato e que está de olho no Desenvolvimento Social para cuidar, entre outros programas, do Bolsa Família.
Alguns petistas não querem que a emedebista que deverá comandar uma pasta tenha esse protagonismo. Já no Planejamento, quem ganha força é a economista Esther Dweck, ex-secretária de Orçamento do Ministério durante a gestão Dilma Rousseff.
Luiz Inácio Lula da Silva
JOSEPH EID / AFP