Quatros secretários do ministério da Economia pediram demissão do cargo nesta quinta-feira em meio à crise do teto de gastos.
Entre eles o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt.
A secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo, também solicitaram a exoneração.
De acordo com a pasta, todos os pedidos de demissão foram por motivos pessoais; os substitutos nos cargos ainda não foram anunciados.
A debandada do Ministério da Economia acontece após a insistência do Planalto em aumentar o valor mensal do Auxílio Brasil de 300 para 400 reais.
Para isso, Bolsonaro ordenou que o ministro da Economia criasse uma saída fiscal, e o caminho encontrado por Paulo Guedes foi mudar a base de cálculo do teto de gastos.
Hoje, o limite de despesas é reajustado a cada 12 meses, entre julho de um ano e junho do ano seguinte, com base na inflação acumulada.
A intenção é fazer a correção dentro do ano fiscal, de janeiro a dezembro, como já acontece com o resto do orçamento.
A medida será retroativa a quando o teto foi criado, abrindo uma folga entre 30 e 40 bilhões de reais.
Apesar da saída de integrantes da equipe econômica, Jair Bolsonaro afirmou que o ministro Paulo Guedes permanece no cargo.
Ontem, o presidente voltou a dizer que o governo não vai estourar o teto.
Após o preço do dólar disparar e a bolsa cair no pior nível em um ano, Bolsonaro admitiu mais um reajuste da gasolina e ironizou - disse que o mercado fica "nervosinho".
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o ministro da Cidadania disse que a fonte de renda do Auxilio Brasil estará dentro do orçamento.
João Roma reforça que isso depende de decisões tomadas pelo Congresso.
O governo pretende gastar cerca de 40 bilhões de reais fora do limite de despesas para bancar o novo benefício a partir do mês que vem, após o fim do auxilio emergencial.
A possibilidade de uma "licença" para gastar, admitida por Paulo Guedes, provocou mais um dia ruim no mercado financeiro, com ações em queda e dólar em alta.
O limite de gastos entrou em vigor durante o governo de Michel Temer, que advertiu.
A equipe de Paulo Guedes nega que a mudança no cálculo do teto de gastos seja uma manobra eleitoreira.
A base governista no Congresso incluiu a mudança da regra que abre espaço fiscal na proposta dos precatórios, aprovada ontem na Comissão especial da Câmara.
A PEC propõe o parcelamento do pagamento das dívidas judiciais contra o governo em 2022.
Com isso, Bolsonaro teria mais 50 bilhões de reais, totalizando quase 85 bilhões extras para gastar no ano eleitoral.
Parte desse dinheiro vai para o novo programa social e o restante para emendas parlamentares.
A proposta agora segue para o Plenário da Câmara, que deve analisar o texto na semana que vem.