Zuckerberg anuncia, em tom de 'mea culpa', fim da checagem de fatos na Meta

Empresário se prepara para a segunda presidência de Donald Trump, com quem jantou em novembro

Por Moises Rabinovici

Zuckerberg anuncia, em tom de 'mea culpa', fim da checagem de fatos na Meta
Dono do Facebook, Mark Zuckerberg, no Congresso dos EUA
REUTERS/Nathan Howard

A gigante da mídia social Meta, mãe do Facebook, Threads e Instagram, anunciou o fim da verificação de fatos em suas plataformas, que críticos equiparavam à censura, e vai “restaurar a liberdade de expressão”. O anúncio, em tom de mea culpa, foi feito pelo CEO Mark Zuckerberg, em vídeo postado nesta terça-feira. (Mea culpa: a Meta suspendeu Trump de suas plataformas em 2021 e o reintegrou em 2023).

“Vamos voltar às nossas raízes e nos concentrar em reduzir erros, simplificar nossas políticas e restaurar a liberdade de expressão em nossas plataformas (...) Mais especificamente, aqui está o que vamos fazer. Primeiro, vamos nos livrar dos verificadores de fatos e substituí-los por notas da comunidade semelhantes a X, começando nos EUA.”

Não há dúvida de que Zuckerberg está preparando a Meta para a segunda presidência de Donald Trump, com quem jantou em Mar-a-Lago em novembro e a quem deu um milhão de dólares para a cerimônia da posse, em 20 de janeiro. No vídeo, ele o confirmou: “As recentes eleições também parecem um ponto de inflexão cultural para mais uma vez priorizar o discurso.” Mudanças práticas também o confirmaram: ele contratou o republicano Joel Kaplan como diretor de assuntos globais e Dana White, aliado de Trump, para seu conselho de administração.

O presidente eleito Trump está de bem com o Vale do Silício para seu segundo mandato, ao contrário do primeiro. Uma via sacra dos CEOs da Apple, Google, Microsoft e da Amazon, entre outros, foram visitá-lo depois de eleito. Em alguns dos encontros, estava Elon Musk, do X (ex-Twitter), Tesla, Starlink e, agora, membro do novo governo.

O fim da checagem de informações vai começar pelos EUA, implementada progressivamente. Será igual ao Community Notes, do X. Os usuários é que farão a curadoria, adicionando notas, ao que considerarem notícia falsa. Os checadores que deixarão a Meta são The Associated Press, ABC News e o site de verificação de fatos Snopes.

A decisão de Meta pode criar um conflito com o STF, no Brasil, e com reguladores na Europa, onde está sob investigação por falha em agir contra a desinformação e publicidade enganosa.

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